Dizem que os bons partem cedo. No caso do Herbert Wigwe, aos seus 57 anos, parece cedo demais. Quem teve o privilégio de ter cruzado com Herbert, bastaria um par de minutos para perceber que estava perante um Líder ímpar. Neste momento de dor e de pesar para a família e amigos e perante o inconformismo da tragédia, importa recordar o seu percurso e honrar o seu legado.
Recordo um Líder de qualidades pessoais invulgares, de visão global e humanista. Herbert Wigwe marcava a sua presença com uma inteligência fora do comum, trato fino e educado, e uma capacidade de decisão e implementação verdadeiramente extraordinárias. Era um homem que queria não apenas fazer, mas fazer o bem e para os outros: era um homem do bem-comum. Tinha duas famílias: a Wigwe e o Access Group, às quais dedicou a sua vida.
Co-fundou e desenvolveu uma instituição africana de matriz global. O Access Bank é hoje um banco africano com presença nas principais praças financeiras e comerciais do mundo, servindo 60 milhões de clientes (o mesmo número por exemplo, que o Citi Bank), em mais de 17 países, com activos de mais de 35 mil milhões de USD. Para além dos números, deixa-nos um banco global dedicado a clientes africanos.
Herbert era um líder humanista. E é nesta última condição que quis deixar a sua marca com o investimento de impacto social numa universidade pan-africana na sua terra natal, Isiokpo, Rivers State Nigéria, dando oportunidade a uma nova geração de ter uma educação de nível mundial. A Wigwe University formará a nova geração de líderes africanos e dotará “personalidade escolar” a milhões de africanos nas próximas décadas.
Recordo, igualmente, o homem e o amigo com quem nos últimos anos tive o privilégio de trabalhar de forma muito próxima em projectos comuns e desenvolver uma amizade singular. No ano passado, numa das nossas viagens, perguntou-me se estaria disponível para dar aulas na Wigwe University. Quando me preparava para responder ele acrescentou: “Não é bem um convite. Não aceito não como resposta pois transmissão de conhecimento é nossa obrigação diária”. O assunto ficou logo resolvido!
Neste momento de profunda dor e pesar, curvo-me perante a memória ímpar do Herbert, Doreen e Chizi, endereçando os meus sentidos pêsames à família, entes queridos e ao Grupo Access. Os meus sentimentos são igualmente extensíveis às famílias e amigos das restantes quatro vítimas do fatídico momento de Sábado dia 10 de Fevereiro de 2024.
O legado do Herbert só torna a nossa responsabilidade ainda maior. Continua a voar bem alto, “H”..! Se ele estivesse entre nós, responderia: “Tiny, No Wahala”.
Lisboa, 12 de Fevereiro de 2024.
N’Gunu Tiny
Fundador Media 9