Não búfalos Belasko e Stayer editaram aquela que considero ser uma das melhores obras sobre liderança. Foi-me recomendada por um gestor, Nuno Rodrigues, por sinal meu irmão, numa das nossas inúmeras tertúlias sobre
o que faz um bom chefe. E fui ler O Voo do Búfalo, que explica, metaforicamente, a diferença entre um líder búfalo e um líder ganso com base na análise empírica de como actuam estes animais no seu ecossistema. Ora,os búfalos são seguidores absolutamente fiéis. Fazem tudo, ipsis verbis, o que o líder diz, e não se desviam desta rota, acreditando que estão a ser leais e não submissos. Dois handicaps: não sabem lidar com imprevistos e não podem
dar asas à sua imaginação.
Já os gansos têm uma atitude diferente. Basta apreciar o seu voo. Formam um V, e a ciência já descobriu porquê: “sabe-se que quando cada ave bate as asas, move o ar para cima, ajudando a sustentar a ave imediatamente atrás. Ao voar em forma de V, o bando beneficia de, pelo menos, 71% a mais de força de voo do que uma ave a voar sozinha”, explicam os autores na obra. Ou seja, todos os gansos acabam por ser responsáveis por si mesmos à medida que se deslocam, mudam de papel de acordo com as necessidades, alternam a liderança e ajustam-se a novas tarefas com uma dinâmica inata.
Daqui retiro três lições neste admirável e desafiante mundo de gestão de equipas:
1 – Pensar e agir rápido: “Sempre que um ganso sai da formação, sente subitamente
o esforço e a resistência necessária para continuar a voar sozinho. Rapidamente, ele
entra noutra formação para aproveitar o deslocamento de ar provocado pela ave que
voa imediatamente à sua frente.”
2 – Ser solidário: “Quando um ganso adoece ou cai ferido, outros dois gansos saem
de formação e acompanham para ajudá-lo e protegê-lo. Ficam com ele até que consiga
voar novamente ou até que morra. Só então levantam voo sozinhos ou noutra formação,
a fim de alcançar o seu bando.”
3 – Seguir em frente: “Os gansos de trás grasnam, encorajando os da frente para que
mantenham a velocidade.”
Neste mundo que se move rapidamente, não podemos adormecer. Nada contra os
búfalos. Até porque, em determinada fase do crescimento, temos de o ser para aprender,
mas a diferença faz-se daí para a frente, quando abrimos asas.
Bons voos para 2023!