O dinheiro é um activo emitido sob diversas formas e controlado pelos estados e/ou governos, servindo essencialmente como meio de troca (meio de pagamento); unidade de conta – permite a determinação do preço dos bens e serviços; reserva de valor – faculdade de preservar o poder de compra.
Contudo, o valor do dinheiro difere do seu valor intrínseco ou financeiro, pois o respectivo valor depende do horizonte temporal de análise, ou seja, uma nota de mil kwanzas pode valer mais ou menos dentro de um ano, pois que a quantidade de bens e serviços a serem adquiridas pode ser maior ou menor, em função do valor temporal do dinheiro. Este, por sua vez, assenta na condição de que os indivíduos preferem o consumo presente do que o consumo futuro, exigindo por isso uma compensação para abdicar do consumo presente, sendo afectado pela inflação, liquidez, taxa de câmbio, taxa de juro, bem como pelo risco associado.
Assim, o real valor da poupança depende do valor temporal do dinheiro, se tivermos em conta que poupança representa a renúncia ao consumo imediato em favor do consumo futuro, permitindo disponibilizar parte do rendimento acumulado para o investimento.
Deste modo, considerando os factores que afectam o valor temporal do dinheiro, concluímos que o dinheiro não é especificamente vantajoso como reserva de valor, pelo que deve ser convertido em outro activo, preferencialmente, líquido e que incorpore o valor temporal do dinheiro. Ou seja, a reserva de valor acontece quando o dinheiro (poupança) é investido ou transformado em um activo, pois que, por si só, a poupança não garante a manutenção da capacidade de consumo futuro.
Poupar 15 milhões, durante dois anos, não garante a manutenção do poder de compra futuro, pelo contrário, dada a inflação monetária, o poder de compra tende a ser menor. Por exemplo, se considerarmos que o preço de um automóvel novo hoje ascende a 15 milhões de kwanzas, considerando uma taxa de inflação constante de 15% ao ano, dentro de dois anos, ainda que tenha acumulado 15 milhões de kwanzas, não seria possível adquirir o referido bem, pois que custaria aproximadamente 19,837 milhões de kwanzas.
Observando a nossa realidade, se há dois anos era possível adquirir um Renault Sandero há aproximadamente 5 milhões de kwanzas, actualmente, só é possível pagando entre 9 a 11 milhões de Kwanzas, o que evidencia uma perda do poder de compra, traduzida numa taxa de inflação implícita de cerca de 34,16% ao ano.
Portanto, a via mais simples para a preservar o valor da moeda é investindo a poupança, preferencialmente, num activo que lhe remunere, pelo menos, acima da inflação ou que compense/reduza as perdas geradas pela inflação e a taxa de câmbio. Tais activos podem ser financeiros (depósitos a prazo, acções, Títulos do Tesouro, obrigações privadas, unidades de participação, divisas) ou reais (imóveis, terrenos e similares, ouro).