A CPLP foi criada com os seguintes objectivos:
A concertação político-diplomática entre seus Estados-membros, nomeadamente para o reforço da sua presença no cenário internacional;
A cooperação em todos os domínios, inclusive os da educação, saúde, ciência e tecnologia, defesa, agricultura, administração pública, comunicações, justiça, segurança pública, cultura, desporto e comunicação social;
A materialização de projectos de promoção e difusão da língua portuguesa.
Por alguma razão, apesar de que pouco trabalho se poderia fazer em todos os domínios aqui referidos sem que entrássemos numa cooperação económica, a economía acabou por ficar de fora desta visão inicial da comunidade.
Na verdade, o sentimento que existia em todos estes países sobre a proximidade cultural que nos une e pela forma única como estamos sempre disponíveis para encontrar pontos de concordância e passos positivos para ultrapassar as dificuldades, eram razões mais do que suficientes e até mesmo implicadoras da criação desta organização baseada nesta língua que também nos une.
Contudo, com o passar dos anos e com a constatação de que esta comunidade de países de língua oficial portuguesa – que tanta procura tem registado por parte de países terceiros, pela enorme credibilidade das relações inter-continentes que aquelas capacidades nos proporcionam – não estava a contribuir verdadeiramente para ajudar todos os países que a compõem, no sentido de lhes dar as condições de desenvolvimento internacional que todos ambicionam e que é a maior vantagem de estarmos juntos.
É neste contexto que alguns empresários e muitos dos que estão ligados a esta causa sentiram a necessidade de começar a trabalhar no pilar económico da CPLP, tendo promovido a criação do conselho económico e tendo começado uma campanha interna de reconhecimento da relevância do pilar económico como garantia de êxito para o projecto da comunidade.
Foi em 2023, na presidência angolana, que a CPLP introduziu o pilar económico nos seus estatutos, e isso vai permitir, a partir de agora, reforçar um trabalho de cooperação económica, baseado numa estratégia de desenvolvimento das economias de todos os países que a compõem, de forma a assegurar uma vantagem real de pertença a esta comunidade.
A cooperação económica será o pilar que verdadeiramente poderá coordenar os esforços comuns desta comunidade cultural e linguística e promoverá a sua presença nos mais diferentes polos de discussão e decisão das instituições internacionais, podendo mesmo trazer para as relações internacionais esta visão de cooperação e amizade que caracteriza a nossa cultura comum que é sempre e acima de tudo humanista.
A CPLP – Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa – é detentora de uma cultura baseada na integração dos povos, na cooperação dos países e na valorização das pessoas, que são exactamente aquilo que o Mundo inteiro procura para estabilizar as suas relações e para voltar a viver um sistema de convivência pacífico em que essa mesma paz seja o factor mais motivador do crescimento económico.
O Papa Paulo VI disse que o desenvolvimento é o novo nome da paz.
Pois sejamos nós mesmos, através desta cooperação económica para o desenvolvimento, os grandes promotores dessa nova realidade mundial.
Por: Bruno Bobone, vice-presidente da CE-CPLP