Uma observação minuciosa da expressão ‘made in…’, sugere uma abordagem distendida em relação aos componentes que envolvem a sua estruturação e composição, tais como:
A terra, área específica da superfície terrestre, hospedeira de recursos naturais, sólidos, líquidos ou gasosos existentes no solo, subsolo, no mar territorial, na zona económica exclusiva e na plataforma continental e demais elementos como a fauna e a flora, existente num determinado território económico.
O trabalho, definido como o esforço físico ou mental desempenhado pelo homem no processo de produção.
O capital, que compreende uma amálgama de recursos (físicos, financeiros, humanos, técnicos e tecnológicos) ao dispor da actividade económica.
Associados aos factores de produção acima elencados, estão o Estado (órgão reitor da política económica e social do território), a família (unidade de consumo e provedora de força de trabalho), a empresa (unidade produtora de bens de capital, bens de produção e de consumo) e o exterior, considerados agentes económicos operacionalizadores da actividade económica e responsáveis pela construção do ‘made in…’.
Deste modo, e exceptuando o exterior, conjectura-se como componentes do conteúdo local, os recursos naturais, as empresas, o capital humano, técnico, tecnológico e financeiro que um país é capaz de gerar, cujo volume e valor exercem influência na construção do ‘made in…’, e mede o estágio da sua economia.
Um cenário ideal de optimização e maximização do conteúdo local, reside na promoção e integração articulada e complementar dos entes envolvidos no processo de produção em toda a cadeia de valor, estabelecendo ligações à montante (upstream linkages), à jusante (downstream linkages) e ligações multilaterais (multilateral linkages)
O pacote de sumo produzido localmente, disposto na prateleira de uma superfície comercial ou no frigorífico de uma residência, isto é, do ‘caroço’ ao sumo, tem seu início na indústria de bens de produção (sementes, correctivos, fertilizantes, componentes químicos, embalagens, concentrado), passando pela indústria de bens de capital (máquinas e equipamentos agro-industriais) à indústria de bens de consumo (sumo, prateleira, frigorífico), sem descurar a intervenção dos agentes produtores de conhecimento (universidades, centros de investigação e desenvolvimento e afins) e das instituições financeiras (banca e afins).
Tal cenário assenta numa economia amplamente diversificada, auto-suficiente quanto à produção e/ou disponibilidade de competências técnicas, tecnológicas e de capital financeiro ao serviço das empresas nacionais, cujo ‘made in…’, reflecte positivamente nos principais indicadores económicos (crescimento, desemprego, inflação, balança de pagamentos) e no índice de desenvolvimento humano.
O cenário bom, indicia o aproveitamento parcial dos componentes do conteúdo local (capital humano, financeiro e empresas nacionais) cuja actividade económica funda-se no sector primário (upstream) e secundário (downstream), caracterizada pela exportação de produto bruto, importação de bens de capital (equipamento e maquinaria) e bens de produção (matéria-prima semi-processada e insumos), susceptíveis à produção local de bens finais.
O cenário péssimo presume a dependência quase total do exterior em relação ao capital humano, financeiro, técnico e tecnológico. A actividade económica é exercida maioritariamente por empresas não nacionais que actuam no segmento do downstream, sem lugar à complementaridade da cadeia de produção.
A afirmação estrutural e multidimensional do ‘made in…’, afigura-se como instrumento de soberania e estandarte de um país no concerto das nações.