A ciência económica (Economia, Gestão, Contabilidade & Finanças) é muito ampla, mais o mercado nacional limitou-a bastante, pelo facto de absorver maioritariamente Contabilistas, em desfavor dos demais especialistas, como fiscalistas, analistas financeiros, analistas de custos, correctores, entre outros.
É dado adquirido que a maior parte dos jovens formados nestas áreas são absorvidos pela contabilidade. Os anúncios de recrutamento são maioritariamente dirigidos aos especialistas em contabilidade, o que obriga os jovens com outras vocações no ramo das ciências económicas a trabalharem apenas, quase que exclusivamente em contabilidade.
Portanto, essa “febre” ofuscou outras profissões que o ramo tem. Infelizmente os empresários desconhecem ou ignoram outras saídas profissionais que a economia, enquanto ciência, proporciona, e esta, em parte, é a razão de muitos défices nos resultados das empresas.
Os empresários e sociedade civil no geral, devem compreender que os cursos de Licenciatura em Economia, Gestão, contabilidade e Finanças não formam apenas contabilistas. Estes ramos de formação produzem muitos outros profissionais, entre fiscalistas, analistas financeiros, correctores e analistas de custos, que estão em número muito reduzido no mercado de trabalho.
Devido a ausência destes especialistas em muitas empresas, os relatórios não apresentam muitos elementos que certamente ajudariam os gestores a tomar decisões fiáveis. Nota-se a ausência de relatórios de custos detalhados, tudo pelo facto de os empresários estarem mais preocupados em declarar impostos. Perdeu-se o norte da contabilidade como instrumento de gestão, pela febre de declarar impostos, sob pena de multas.
Muitos contabilistas já não elaboram a contabilidade para gestão, mas para o fisco, os empresários já não têm tanta preocupação de saber como foi a sua actividade durante o ano, por conta de pagamentos de impostos, muitos elementos que ajudariam o gestor a tomar decisão já não são tidos nem achados. Eis a razão de estarmos preocupados com outros especialistas como analistas financeiros e analistas de custos nas empresas.
O brilho da contabilidade para ajudar o gestor a tomar decisões fiáveis, já não é notável, infelizmente. Profissionais de Analise de Custos, analistas financeiros e outros que o ramo proporciona, não são tidos nem achados num mercado onde a Contabilidade parece que passou a se resumir em impostos. Nada contra os impostos, pois são uma forma de arrecadação de receitas para o Estado, mas não pode ser o principal foco do gestor. Os resultados que permitiram amortizar os investimentos, pagar salários e rentabilizar o negócio são muito mais importantes.
Precisamos intervir para inverter esta situação, promovendo outras especialidades que compõe o ramo das ciências económicas. Desta forma vamos melhorar a actuação dos profissionais no mercado, despertar os empregadores ou empresários e consequentemente melhorar o resultado das empresas.
Por João Manuel – Analista sénior de custos, docente da Universidade de Luanda/IPGEST e mestrando em Finanças pela FEC-UAN.