Nunca, como agora, foi tão importante para Angola impulsionar a sua produção nacional de modo a tornar-se um país com auto-suficiência alimentar. A pandemia Covid-19, associada à baixa do preço do petróleo e à menor disponibilidade de divisas para a importação, veio demonstrar que Angola precisa de relançar a sua produção interna e a sua cadeia do agronegócio.
Os primeiros passos para o desenvolvimento do agronegócio já foram dados. Existe extensa legislação de suporte ao agronegócio que elenca os princípios de uma agricultura inclusiva e sustentável.
No âmbito dos impactos económicos e financeiros negativos gerados pela Covid-19, em Abril foi publicado o Decreto Presidencial 98/20, que aprovou linhas de crédito no valor de 62 mil milhões de kwanzas (cerca de 102 milhões de dólares americanos).
Para além da mencionada medida de alívio aos efeitos negativos gerados pela pandemia, é importante mencionar que estão em curso programas de apoio estruturantes e de médio prazo, tais como o PRODESI (Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações) e o PDAC (Plano de Desenvolvimento da Agricultura Comercial).
Ambos os programas visam acelerar a diversificação da economia e apoiar os projectos de agronegócio capazes de gerar a auto-suficiência alimentar do país, disponibilizando, por via de bancos aderentes, valores superiores a 400 milhões de dólares para os projectos que se candidatem entre os anos 2018 e 2022.
Num contexto económico que se mostra instável a nível mundial, o grande desafio de Angola, de modo a atingir a tão almejada diversificação da economia e a sua auto-sufiência alimentar, prende-se, em primeiro lugar, com a capacidade do país estabelecer uma estratégia integrada de agronegócio e de longo prazo, adaptado à sua realidade, cultura e aos reais constrangimentos do país.
Depois, mostra-se importante impulsionar todos os programas já aprovados, quer intensificando-se o apoio financeiro e técnico aos projectos agro-pecuários em curso, quer fomentando novos projectos, engajando os empresários, as escolas técnicas e as comunidades rurais nesse compromisso colectivo.
É de suma importância que exista uma efectiva alocação das verbas disponibilizadas pelo Executivo e organismos internacionais, devendo as instituições com realce para a banca – retirar as directrizes do papel e implementá-las, com todo o rigor, transparência e proximidade, identificando os pequenos, médios e grandes produtores.
Esses seriam os primeiros passos para dar-se início a uma “revolução alimentar”, o que permitiria que o país se tornasse, de facto, auto-suficiente, reconquistando, desse modo, o seu merecido lugar no panorama do agronegócio em África e, quiçá, no Mundo.