Não se pode negar que, ao longo dos seus 27 anos de existência, e apesar das dificuldades económicas, políticas e sociais que os Estados-membros enfrentaram, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) registou avanços na persecução dos objectivos que justificaram a sua fundação. Mas também é bem verdade que ainda são vários os desafios que a organização tem de transpor no sentido da promoção de um desenvolvimento equilibrado das nações que a integram nas mais variadas áreas.
A CPLP é composta por nove países que, apesar de heterogéneos, têm em comum muitos desafios. Como fez questão de referir Keiko Miwa, uma das directoras do Banco Mundial, recentemente no Caucus, em Cabo Verde, “todos procuram alcançar um crescimento inclusivo e sustentável, assim como a redução da pobreza extrema”.
Hoje, um dos grandes desafios que os países que integram a comunidade lusófona ainda têm pela frente é a promoção de um quadro facilitado de cooperação económica e empresarial, nomeadamente ao nível da internacionalização das empresas, da protecção mútua de investimentos, do incremento das trocas comerciais e da aposta numa educação de qualidade, que forme quadros verdadeiramente qualificados. A isto junta-se o desafio de lideranças capazes de orientar o caminho para o desenvolvimento.
É de facto hora de se agir concertadamente e com metas comuns. Mais do que palavras, agora é tempo para a acção.
O bloco lusófono representa cerca de 300 milhões de pessoas, perto de 8% da superfície continental do planeta, possuindo mais de 50% das novas descobertas de recursos energéticos, desde o início do século XXI, e detém uma vasta plataforma continental com recursos marinhos e minerais, terras aráveis, bem como aproximadamente 14% das reservas mundiais de água doce, portanto, um enorme potencial económico.
O que se pede aos governantes dos países que integram a CPLP é a transformação deste potencial em riqueza real e tornar as economias mais atractivas para o investimento, abrindo espaços para que o sector privado tire proveito, por exemplo, dos vários fundos de investimento disponíveis, como é o caso do AfricaInvest, que tem sob gestão 100 milhões de dólares para investir no continente africano, numa primeira fase focado nos países lusófonos, começando por Angola, Moçambique, Guiné Equatorial e São Tomé e Príncipe.
É de facto hora de se agir concertadamente e com metas comuns. Mais do que palavras, agora é tempo para a acção. Uma acção conjunta, coordenada e que coloque a CPLP a falar a uma só voz.
Francisco de Andrade
Editor Executivo da Forbes África Lusófona