Na imensa arena da Conferência das Partes (COP) 28, imerso nas discussões sobre o futuro ambiental do nosso planeta, uma clareza poderosa surgiu: estamos num momento decisivo. Como parte da delegação multidisciplinar angolana, testemunhei em primeira mão a magnitude e a urgência das conversas realizadas nesse fórum global.
A COP 28 não foi apenas mais uma conferência, mas sim um catalisador para a acção, um ponto de inflexão onde decisões significativas precisam de ser tomadas para moldar o destino do nosso ambiente e da Humanidade como um todo. A responsabilidade de participar nessas discussões não era apenas uma honra, mas um chamado para a acção.
Ao participar nesse cenário de debates e compromissos, uma sensação de determinação combinada com a consciência da complexidade dos problemas foi tomando forma. Era evidente que, para alcançar avanços significativos, precisamos de superar não apenas as barreiras conceituais, mas também os desafios práticos que muitas vezes se intercalam entre a idealização e a implementação efectiva de políticas ambientais transformadoras.
Angola está, de facto, num momento crucial da sua história, especialmente diante do lema da Conferência das Partes (COP) 28 – “Unir, Agir e Apresentar Resultados”. Este lema não poderia ser mais relevante para o País, pois enfrenta desafios ambientais significativos enquanto procura um futuro sustentável.
“Unir” é um chamado para que Angola trabalhe em cooperação com outras nações e entidades, reconhecendo que a luta contra as mudanças climáticas é um esforço global. Parcerias com países vizinhos, organizações internacionais e sectores público e privado são fundamentais para compartilhar conhecimento e recursos na procura por soluções ambientais eficazes.
“Agir” é fundamental. Angola já demonstrou intenções sérias de enfrentar questões ambientais, mas agora é hora de traduzir essas intenções em acções concretas. Investir em energias renováveis, na conservação de ecossistemas naturais e em práticas agrícolas sustentáveis são apenas alguns exemplos de medidas já em implementação em Angola para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
“Apresentar resultados” é crucial para a prestação de contas e transparência. Angola tem uma oportunidade única de mostrar não apenas as suas intenções, mas também os resultados tangíveis das suas iniciativas ambientais e importantes projectos executados e em execução. Isso inspira confiança internamente e no cenário global, demonstrando o compromisso efectivo do País em enfrentar os desafios ambientais.
No entanto, é importante reconhecer que a jornada de Angola rumo à sustentabilidade ambiental pode não ser fácil. Há obstáculos, incluindo desafios financeiros, técnicos e de infra-estruturas, sem prejuízo de Angola poder (continuar a) contar com o apoio, esforço e dedicação do sector público e privado, nacional e internacional.
A COP 28 foi mais do que um palco para discutir exclusivamente a redução no uso de combustíveis fósseis. Embora esse seja um ponto crucial no combate às mudanças climáticas, é fundamental reconhecer que o sucesso nessa empreitada requer uma abordagem abrangente e multifacetada.
O tema das mudanças climáticas ultrapassa a simples substituição de fontes de energia. Envolve uma transformação completa na maneira como interagimos com o nosso Planeta.
Enquanto a transição para fontes de energia limpa é essencial, não devemos subestimar outras estratégias vitais. A conservação dos ecossistemas naturais é um exemplo fundamental. Florestas, oceanos e zonas húmidas desempenham um papel significativo na regulação do clima, e a sua preservação é igualmente importante.
Além disso, a melhoria da eficiência energética em indústrias, transporte e construções é uma componente-chave. A transição para práticas agrícolas sustentáveis, gestão eficaz de resíduos e mudanças nos padrões de consumo também são aspectos essenciais no combate às mudanças climáticas.
A diversidade de soluções disponíveis deve ser considerada como uma força, não como uma fraqueza. A interconexão e interdependência dessas abordagens são a essência de um plano abrangente para lidar com as mudanças climáticas.
A COP 28 ofereceu uma oportunidade única para realçar essas múltiplas estratégias e destacar a importância de uma resposta colectiva e global. É urgente reconhecer que o sucesso no combate às mudanças climáticas não será alcançado por uma única medida, mas sim pela colaboração e integração de várias soluções numa estratégia unificada.
Portanto, ao invés de manter o foco exclusivamente na redução dos combustíveis fósseis, Angola já abraçou a diversidade de soluções disponíveis e trabalha em conjunto com os seus parceiros para alcançar um objectivo comum: preservar o nosso ambiente para as gerações futuras.
Já é visível e comprovável que Angola está comprometida com o desenvolvimento sustentável, tanto no sector energético como no da água e segurança alimentar. Entre a grande aposta nas energias renováveis e no aproveitamento hidroeléctrico como estratégia já em curso para a descontinuação faseada da utilização das centrais térmicas; como o investimento na expansão da rede eléctrica e electrificação rural com tão grandes e importantes impactos socio económicos; contando com o apoio de importantes parceiros internacionais com os quais Angola trabalha com afinco para a concretizar dos seus projectos sustentáveis e ultrapassar os desafios locais de forma assertiva e bem sucedida.
Portanto, Angola abraçou o lema da COP 28 de forma pró-activa, incorporando-o nos seus Planos de Desenvolvimento multissectoriais, mas, sobretudo, executando-os dedicadamente. Ao unir forças, ao agir com determinação e ao apresentar resultados tangíveis, o País contribuirá seguramente para a agenda global de sustentabilidade, mas também assegurará um futuro mais saudável e próspero para as suas gerações futuras.
João Germano e Silva, Business Development Director, Ossi Yeto – Grupo Mitrelli