A sustentabilidade é regida por três grandes pilares: Ambiental, Social e Económico. Essa abordagem moderna sobre sustentabilidade foi popularizada pelo Relatório Brundtland, oficialmente intitulado “Nosso Futuro Comum” (Our Common Future), publicado em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, presidida pela então Primeira-Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland.
Apesar de a sustentabilidade englobar os três pilares acima mencionados, ela tem sido comumente associada ao pilar ambiental. As empresas e a sociedade angolana, em geral, têm discutido e promovido com maior realce o referido pilar. Por isso, gostaria de destacar a sustentabilidade social e seu papel para a longevidade e prosperidade das organizações em Angola.
A sustentabilidade social refere-se à capacidade de uma organização atender às necessidades de seus colaboradores e às partes interessadas de forma justa e equitativa, promovendo bem-estar, inclusão social, desenvolvimento contínuo e melhoria da qualidade de vida, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades. No contexto empresarial, a sustentabilidade social envolve práticas que visam não apenas o lucro, mas também o desenvolvimento social, garantindo que os direitos e interesses das pessoas sejam respeitados e promovidos.
Importa realçar que o impacto social deve começar de dentro para fora, é contraproducente as empresas oferecerem bens e serviços a comunidade e deixarem de zelar pelo bem-estar dos seus colaboradores, portanto, para a edificação da sustentabilidade social é necessário que as empresas angolanas observem as seguintes práticas no relacionamento com stakeholders (partes interessadas):
- Práticas Internas
Condições justas de trabalho: Garantir um ambiente de trabalho seguro, com políticas rigorosas de saúde e bem-estar físico e emocional, incluindo a felicidade no trabalho. Adoptar políticas de remuneração justa que garantam salários adequados e benefícios compatíveis com as responsabilidades de cada colaborador e o custo de vida.
Código de Conduta Ética: Desenvolver e implementar um código de conduta ética que oriente a conduta de todos os colaboradores e reflita as práticas da empresa em relação aos direitos humanos, justiça social e respeito às leis e normas externas.
Desenvolvimento do Capital Humano: Investir em programas de capacitação e desenvolvimento profissional contínuo, além de implementar um plano de carreira claro que ofereça oportunidades de crescimento dentro da empresa.
Inclusão e Diversidade: Criar um ambiente de trabalho inclusivo que valorize as diferenças e promova a equidade, respeitando a diversidade de gênero, etnia, idade e habilidades físicas.
- Práticas Externas:
Engajamento e Participação Comunitária: Desenvolver e apoiar projectos sociais e programas de voluntariado que beneficiem a comunidade local, incluindo parcerias com ONGs, programas educacionais, de saúde e desenvolvimento comunitário, e promover um diálogo aberto com a comunidade.
Fomento à Educação e Capacitação Social: Investir em programas educacionais e de formação profissional para as comunidades locais, estabelecendo parcerias com escolas, universidades e centros de formação.
Compliance e Governança: Respeitar normas e regulamentos externos e adotar práticas éticas e responsáveis de governança, como auditorias internas e externas, demonstrações financeiras e relatórios de sustentabilidade.
Na realidade angolana, poucas empresas são geracionais, possivelmente devido à inobservância das boas práticas de sustentabilidade social. Portanto, é recomendável que os tomadores de decisões abracem a sustentabilidade social com a seriedade que se impõe, pois, a adopção das referidas práticas culminam para o crescimento tanto no micro como no macro contexto empresarial, fortalece a reputação, e atraí a captação de investimentos internos ou externos.
Um grande incentivo tem sido a premiação da Forbes África Lusófona que distingue empresas angolanas por suas práticas de responsabilidade social, promovendo a Paz e a justiça social, através de investimentos com impacto social positivo. De reiterar que é imperioso que esse impacto social comece de dentro para fora.
Actualmente, as partes interessadas valorizam não apenas as demonstrações financeiras, mas também como as empresas conduzem os seus negócios, como se relacionam com todas as partes envolvidas e as políticas de sustentabilidade adoptadas, portanto, a Sustentabilidade social não deve ser implementada pelas empresas apenas para inglês ver.
Implementar a sustentabilidade social é um passo fundamental para as empresas angolanas que desejam não apenas prosperar economicamente, mas também deixar um legado geracional e contribuir positivamente para a sociedade e o planeta. As práticas sugeridas estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU para serem alcançados até 2030. Em suma, a adopção de boas práticas de sustentabilidade social exige comprometimento, inovação e uma visão de longo prazo.