Operadores do sector do turismo em Cabo Verde denunciam falta de políticas governamentais

A Associação Empresarial de Cabo Verde – Cabo Verde Empresas concluiu, recentemente, um inquérito nas ilhas do Sal e da Boavista, como painel de estudos anteriores, com vista a avaliar a situação num dos subsectores do turismo, concretamente o do alojamento complementar e turismo residencial. O documento sobre o estudo alargado a que Forbes Africa…
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A constatação consta de um inquérito alargado realizado pela Cabo Verde Empresas nas ilhas do Sal e da Boavista, com o objectivo de perceber se o sector do turismo voltou a funcionar após a pandemia.
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A Associação Empresarial de Cabo Verde – Cabo Verde Empresas concluiu, recentemente, um inquérito nas ilhas do Sal e da Boavista, como painel de estudos anteriores, com vista a avaliar a situação num dos subsectores do turismo, concretamente o do alojamento complementar e turismo residencial.

O documento sobre o estudo alargado a que Forbes Africa Lusófona teve acesso, descreve que o resultado mostrou que na alta temporada, entre Outubro e Março do ano 2019-2020, nenhum dos operadores entrevistados teve taxas de ocupação abaixo de 20%, sendo os percentuais que variam de um mínimo de 20% a picos de 80%.

Já no período pós-pandemia, 2021/2022, indica que 71% dos operadores declararam taxa de ocupação inferior a 20%, “sinal de que algo deu errado”.

“O choque entre as duas realidades, resorts e cidade, são enormes”, refere o comunicado, assinado pelo presidente da associação, Andrea Benolli.

O responsável recorda que, só nas ilhas do Sal e da Boa Vista, o sector do Turismo Residencial e Alojamento Complementar representa cerca de 3.500 camas e que, em termos de taxa de segurança aeroportuária, a arrecadação potencial para o país ronda os 12 milhões de escudos (108 mil euros) semanais, a que acrescem 770 mil escudos (7.000 euros) de taxa turística por dia.

Segundo o estudo, os operadores do sector também denunciam a falta de atenção das políticas governamentais em relação ao subsector (57%), enquanto os dados parecem mais confortantes quanto à atenção das autarquias locais, das quais apenas 28% acreditam receber pouca atenção.

No entanto, esta não é a única preocupação, pois também exigem investimentos em infra-estruturas urbanas, como estradas, passeios, praças, iluminação, bem como uma maior cooperação entre os operadores do sector, ambos os factores com uma percentagem igual a 85%, mas as acções específicas para melhorar a segurança, revisão fiscal ou incentivos aduaneiros não são exigidas (14,3%), enquanto se insiste nos elevados custos do transporte internacional (57,1%).

Deste modo, a Cabo Verde Empresas desafia o Ministério do Turismo e Transportes e a Associação Nacional dos Municípios Cabo-Verdianos (ANMCV) a forjarem uma maior colaboração operacional, em conjunto com os competentes representantes do sector privado, para que se compreenda melhor a lógica económica dos operadores e se definam políticas concertadas e concretas para que o mercado volte a funcionar, incentivando de forma partilhada o licenciamento das unidades.

Em relação às vagas, o sector empregou cerca de 200 pessoas entre Sal e Boavista no ano 2019, com a maioria de emprego feminino (cerca de 80%).

Porém, acrescenta, hoje a situação é “muito mais dramática”, com um emprego total entre as duas ilhas de cerca de 60 funcionários, com previsão para novas demissões, caso a próxima temporada não seja suficientemente lucrativa.

O principal objectivo deste inquérito realizado pela Cabo Verde Empresas, instituição com sede na ilha do Sal, foi perceber se este sector do turismo voltou a funcionar após a pandemia, como os grandes resorts all inclusive, que dominam o panorama turístico em Cabo Verde.

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