O maior salão do automóvel da Alemanha deixou de ser Frankfurt. O mais importante certame do mundo automóvel realizado em solo alemão passou a partir de agora a ter um novo nome (IAA Mobility), um novo foco (electrificação) e uma nova casa (Munique).

O histórico Frankfurt IAA (Internationale Automobil-Ausstellung), que se realizava naquela cidade desde 1951 e era organizado a cada dois anos, alternando com o Salão de Paris, passou o testemunho a Munique. Continua a ser uma vitrine para a indústria automóvel da Alemanha mostrar o seu músculo e o seu foco está na electrificação e em modos de transporte alternativo. Aliás, os concepts e os carros de produção mais interessantes no Salão de Munique que abriu portas esta semana são mesmo os veículos eléctricos.

O novo formato e ainda os efeitos da pandemia encurtaram o número de fabricantes de automóveis participantes neste IAA Mobility (Ferrari, Maserati, Toyota, Peugeot, Citroën, Fiat, Skoda, Seat, Nissan, Honda e Opel são algumas ausências), mas o evento assinala também a chegada de muitas empresas debutantes nos salões automóveis.

O IAA Mobility 2021 decorre de 7 a 12 de Setembro em Munique.

Assim, olhando para as presenças, verifica-se que, ao invés de atingir todo o espectro de marcas de automóveis internacionais, como era habitual ocorrer em Frankfurt, o IAA Mobility 2021 abrange quase todas as marcas alemãs (a Opel foge a esta regra e não está presente), sendo igualmente um espaço para outros emblemas, casos de Renault e da sua subsidiária Dacia, Hyundai, Ford (com o eléctrico Mustang Mach-E como representante da indústria automóvel dos EUA), Polestar (mas não a marca-mãe, Volvo) e uma variedade de marcas chinesas.

Relevante é a comparência de empresas de mobilidade, fornecedores de componentes de automóveis, incluindo Bosch e Magna, companhias de software e uma série de fabricantes de bicicletas de primeira linha.

A chanceler alemã, Angela Merkel, discursou no IAA Mobility 2021, destacando a importância da indústria automóvel na Alemanha. O certame também foi aproveitado pelos activistas que se empenham por alertar as consciências para as alterações climáticas, pedindo um fim mais rápido para a venda de carros a gasóleo e a gasolina. Elementos do Greenpeace bloquearam várias estradas no primeiro dia do IAA Mobility e ameaçaram interromper ainda mais a exposição com mais protestos.

A FORBES destaca os 10 melhores modelos da da IAA Mobility 2021 em Munique:

BMW i Vision Circular Concept

O BMW i Vision Circular Concept é a visão de longo prazo da BMW sobre como os modelos da marca bãvara serão em 2040. Este hatchback subcompacto é apenas um pouco maior do que o actual eléctrico i3 da BMW. À semelhança de outros eléctricos, este i Vision Circular Concept é espaçoso por dentro porque o motor eléctrico e a bateria não ocupam muito espaço. A designação “Circular” que baptiza a viatura refere-se ao ciclo de vida dos componentes utilizados, que são 100% recicláveis, até mesmo a bateria de estado sólido. Algumas das características do protótipo podem aparecer mais cedo em modelos de série, por volta de 2025, na próxima iteração da linha de eléctricos de nova geração da BWW.

Mercedes-Benz EQB

A Mercedes-Benz continua o lançamento de veículos EQ – eléctricos. Em Munique, a marca mostrou o EQB, uma versão totalmente eléctrica do crossover existente Classe GLB. Não obstante não ser uma verdadeira premiére em Munique, o EQB sobressai pelo facto de poder ser um dos primeiros e mais acessíveis eléctricos da Mercedes-Benz a ficar disponível junto dos consumidores. O veículo terá como opcional uma terceira fileira de bancos. Inicialmente, haverá versões do EQB de tração integral com baterias de 66,5 kWh e motores de 168 kW ou 215 kW, seguidos por um modelo de tração dianteira e, finalmente, uma versão de maior autonomia. A Mercedes trouxe cinco novos eléctricos para o evento: o Concept Mercedes-Maybach EQS, o referido EQB, a nova berlina EQE de tamanho médio, o sedan Mercedes-AMG EQS 53 4MATIC+ e o Concept EQG (baseado no Classe G e do qual falaremos mais adiante).

Volkswagen ID.Life Crossover

O crossover eléctrico Volkswagen ID Life alarga a gama ID da VW para um segmento de dimensões menores. O ID Life é o protótipo para um futuro veículo de produção subcompacto que será menor do que o crossover compacto ID.4 e o hatchback ID.3. O ID Life deverá estar à venda em 2025. O veículo terá um motor eléctrico de 231 cv de potência e uma bateria de 57,0 kWh, que a VW diz que será capaz de fazer 400 km. O protótipo tem uma grelha translúcida e um volante com o terço superior cortado.

Audi Grandsphere Concept

“Um avião a jato particular para a estrada” é como a Audi descreve o futurista Grandsphere. É longo, baixo e elegante, maior do que o desportivo Audi Skysphere que o construtor estreou no Pebble Beach Concours/Monterey Car Week em Agosto. A Audi apresentará um terceiro concept, o Audi Urbansphere, no próximo ano. Este Grandsphere também é uma plataforma que faz a antevisão de veículos de condução autónoma da Audi, com um volante que se retrai no tablier envolvente – o carro tem nível 4 de condução autónoma. O painel de instrumentos é plano, sem botões ou ecrã sensível ao toque; em vez disso, as informações são projectadas no tablier e um sistema para monitorizar os olhos percebe quais são as informações para as quais o condutor está a olhar. Uma versão de produção pode estar pronta em 2025 ou 2026.

Porsche Mission R

Para os entusiastas “hardcore” da Porsche, este Mission R leva-os ao ambiente das corridas eléctricas numa gaiola de segurança de fibra de carbono que faz parte da estrutura do veículo. Este desportivo tem 671 cv de potência no modo de corrida e 1073 cv de potência no modo de qualificação, com motores eléctricos à frente e atrás. A aceleração é estonteante, com os 0-100 km/h a serem cumpridos em 2,5 segundos. A energia vem de uma bateria de 90 kWh que, segundo a marca, é suficiente para 30-45 minutos de corrida. O modelo recarrega a partir de um sistema de 900 volts com uma recarga de 5% a 80% a precisar de apenas 15 minutos, isto, claro, pressupondo que há um carregador de 900 volts na pista. Apesar do Mission R ser um protótipo, a Porsche sugere que poderemos vir a ter uma versão para clientes encomendarem em 2026 – entregar carros de corrida para clientes é um negócio de longa data para a Porsche, com mais de 4.000 construídos ao longo dos anos.

Smart Concept #1

O Smart Concept # 1 EV é semelhante em tamanho a um Mini Countryman e é fruto de um trabalho a meias, 50-50, entre a Daimler e a chinesa Geely (que detém a Volvo e a Polestar). Com 4290 mm de comprimento e assente numa plataforma específica, o Smart Concept #1 é o maior Smart alguma vez feito, antecipando, um modelo de produção (de cinco lugares, apesar deste protótipo surgir com quatro assentos individuais) a construir na China, sendo a sua propulsão eléctrica. A sua generosa distância entre eixos (de 2750 mm) permite que os seus ocupantes viajem espaçadamente. A ausência do Pilar B e as portas traseiras de abertura invertida facilitam o acesso ao habitáculo. No interior, o modelo dispõe de um touch screen de 12,8 polegadas, exibindo um design redondo. Quando for comercializado, marcará a entrada da Smart nos SUV de segmento C, caracterizando-se “pelo seu design progressista, equipamento premium e tecnologia avançada”, nas palavras de Daniel Lescow, vice-presidente de vendas globais da Smart.

City Transformer

Vários pequenos veículos citadinos – menores do que os Smart – foram mostrados em Munique. Um dos que se destacou foi o City Transformer, um veículo que é uma espécie de mistura dos eléctricos Citroën AMI e Renault Twizy e que será homologado como L7e. A sua característica distintiva está no facto de que o modelo pode expandir a sua largura se o condutor desejar, para obter um pouco mais de conforto e estabilidade na condução. No modo mais compacto de todos, quatro exemplares do City Transformer cabem numa única vaga de estacionamento, garante o CEO, Asaf Formoza. No Modo Cidade, o veículo tem 1.000 mm de largura. No modo Performance, a viatura alarga para 1.400 mm. A empresa, sedeada em Tel-Aviv, Israel, adiantou ainda os números de desempenho do modelo: velocidade máxima de 90 km/h, autonomia entre 120 e 180 km e um comprimento imutável de 2500 mm. O modelo ainda está em modo de “encomenda” com os preços a partir de 12.500 euros.

Mercedes-Benz EQG

O icónico Mercedes-Benz Classe G está também a ficar eléctrico. O “jipe” terá a mesma suspensão robusta para permitir uma condução off-road pura e dura, mas agora com alguns “truques” EV modernos. A marca não especificou todos os detalhes do sistema de transmissão, embora tenha dito que terá quatro motores eléctricos, um para cada roda. Confirmando-se, isso certamente expandiria as já formidáveis capacidades off-road deste portento do todo-o-terreno, cujos traços clássicos estão lá: design quadrado, cobertura para o pneu sobresselente instalado no portão traseiro (agora em formato quadrado e com capacidade para armazenar o cabo de carregamento) e grandes manípulos e frisos laterais. Também há diferenças, pelo menos neste concept: a grelha tem elementos azuis iluminados, a estrela da Mercedes está iluminada e os contornos da grelha e dos dois faróis redondos estão iluminados e são de cor branca.

Mini Vision Urbanaut

O Mini Vision Urbanaut surgiu como protótipo neste salão automóvel de Munique, mas a marca britânica, do Grupo BMW, admite que pode entrar em produção, evidentemente com um aspeto menos futurista. Com um design de monovolume, o Urbanaut apresenta assentos tipo sofá por dentro e – no concept, pelo menos – um volante que se esconde quando é utilizado de forma autónoma. A Mini diz que é “imediatamente identificável como um Mini”, embora se pareça mais com uma nave auxiliar de Star Trek ou até com a primeira geração do Toyota Previa do início dos anos 1990 do que qualquer Mini Cooper existente. Para chegar ao mercado, este Mini provavelmente irá sacrificar as suas ambições autónomas de nível mais elevado, mas com os retoques que o construtor dará à sua aparência no sentido de a normalizar, o Urbanaut poderá ser uma extensão da gama da marca original e “cool”. E os fãs do Mini adoram este tipo de produtos “cool”.

Dacia Jogger

Nem todas as estreias em Munique foram baseadas na electrificação. E extra-universo eléctrico, um dos destaques coube à Dacia, a marca de automóveis romena propriedade da Renault desde 1999. Ao se integrar na Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi (responsável por uma em cada nove vendas de automóveis em todo o mundo), a Dacia tem beneficiado das tecnologias do Grupo, propondo veículos sólidos e fiáveis a preços mais baixos. E o Jogger parece continuar nessa senda. O veículo é um crossover de segmento C que passa a ser o SUV de maiores dimensões da Dacia (mede 4,55 metros de comprimento), tendo versões de cinco lugares e uma outra de sete lugares, graças a três filas de bancos. O modelo tem uma capacidade da bagageira mínima de 607 litros e máxima de 1819 litros, conforme a versão e a configuração do habitáculo. O Dacia Jogger estará disponível com dois motores, o novo TCe 110 a gasolina e a variante a GPL, o TCe 100 ECO-G. Em 2023, a marca adicionará um motor híbrido à gama, o que fará do Jogger o híbrido de 7 lugares mais acessível do mercado. O início das encomendas está programado para novembro de 2021 em cerca de 30 países, principalmente na Europa, mas também na Turquia, Israel e, mais tarde, em Marrocos. O Jogger chegará aos concessionários em fevereiro de 2022.