Já fez marketing. Rádio e televisão. E já escreveu mais do que um livro. Ele é José Avillez. Pessoa, cozinheiro, pai e…marca. Um chef com formação em comunicação empresarial que só confia na sua ‘noção de equilíbrio’ para decidir se um prato vai ou não para um menu.
Everything you can imagine is real. A frase de Picasso, que tatuou discretamente no braço e para a qual olha em momentos crucias, dá-lhe um
je ne sais quoi de grandeza, de poder, de super-herói.
Desde o 100 maneiras, o seu primeiro restaurante, ao Grupo que dirige, uma década de gestão de faro apurada com aprendizagens valiosas pelo
caminho. Como o estar sentado à mesa numa perspetiva de gastrónomo e não de cozinheiro, ensinada pelo mentor José Bento dos Santos. Estivemos
sentados com o chef. Com o ceo. E com o Zé, como, na verdade, gosta de ser chamado.
O Grupo, que teve a sua génese numa ideia de take away de sandwiches para escritórios com Ana Arié, que partilha hoje a estrutura acionista com José Avillez, tem
neste momento o Bairro com 4 espaços, o Belcanto, os 4 Cantinhos, 3 espaços no El Corte Inglès e o Canto que ainda em está em stand by por causa do seu conceito de
jantar-concerto. Esta reabertura acontece, curiosamente, numa altura em que há muitos mais casos por dia do que quando encerraram. “A perceção muitas vezes abafa
a realidade. E a perceção tem a ver obviamente com o conhecimento que vamos adquirindo. E por isso já há alguma digestão do medo. À incapacidade de
continuarmos fechados junta-se a necessidade da economia funcionar, porque senão a cura mata mais do que a doença”. O Grupo aderiu ao layoff, agora torna-se imperioso
o regresso ainda que com uma nova normalidade. “Quando acabarem as moratórias em março do próximo ano e quando terminar o período de não despedimento imposto
pelo layoff, ou há uma injeção grande de capital direto no bolso dos portugueses e das empresas, ou vamos entrar numa crise económica que afetará toda a banca com os
créditos malparados”. Por isso, há que atuar em diversas frentes. Primeiro, reinventar o negócio sem descurar o seu core. O novo menu do Belcanto e a recém-inaugurada
esplanada em frente ao Bairro poderão dar um boost no contexto atual. “De facto, restaurantes com espanadas e inseridos em bairros habitacionais estarão um pouco
melhor porque servem as pessoas em teletrabalho e em ambientes abertos, as pessoas sentem-se mais seguras”, diz o chef, recordando que por esta altura, no ano
passado, Portugal tinha cerca de três milhões e meio de turistas e agora terá entre 20 a 30 mil espalhados pelo país …
“Gestão sem endividar para pagar custos presentes e futuros” é o caminho que preconiza daqui para a frente, recordando que no dia em que fecharam, não sabiam se
voltariam a reabrir. Um passo, o primeiro, já está dado.