Após ter sido nomeado e empossado pelo Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, o novo primeiro-ministro de Moçambique, Adriano Maleiane, defendeu esta Sexta-feira, 5, o reforço da produção “para garantir a independência financeira do país”, apontando a contenção dos gastos como fundamental.
Maleiane entende serem estas as vias mais apropriadas para fazer a economia catapultar e, por via disso, trazer mais liquidez às contas do Estado.
“Nós não podemos gastar mais do que temos porque, se fizermos isso, vamos ter problemas”, disse Adriano Maleiane, em declarações à comunicação social, momentos após a cerimónia de tomada de posse na Presidência da República, em Maputo.
Para Adriano Meleiane, o aumento das exportações está entre as soluções mais adequadas para melhorar a economia do país, mas esta opção exige o incremento da produção.
“Quando produzimos, podemos cobrar mais impostos. Hoje as nossas receitas já cobrem cerca de 75% ou 77% [das necessidades]. Temos que caminhar para uma situação de pelo menos conseguirmos ter receitas para o que estamos a construir”, declarou.
Adriano Maleiane, que até à data da sua nomeação para primeiro-ministro era ministro da Economia e Finanças, reiterou que estão “bastante avançadas” as negociações para um novo programa com o Fundo Monetário Internacional (FMI), um dos parceiros a suspender as ajudas diretas a Moçambique, em 2016, na sequência da descoberta do escândalo das dívidas ocultas do Estado.
Citado pela Lusa, Meleiane referiu que, neste momento, o país está em fase de quantificar as metas e discutir as medidas estruturais que vão constar do programa. “O programa é importante para o país”, declarou o novo primeiro-ministro moçambicano, para quem esse mecanismo é importante para melhorar a imagem de Moçambique no mercado financeiro internacional.
Adriano Maleiane substitui no cargo Carlos Agostinho do Rosário, que tinha sido nomeado em 2015, quando o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, formou o seu Governo no primeiro mandato, após vencer as eleições gerais de 2014.
Novo ministro da Economia quer “aprimorar” política fiscal no país
Por sua vez, aprimorar a política fiscal da economia moçambicana está entre as prioridades eleitas pelo novo ministro da Economia e Finanças do país, Max Tonela, também nomeado esta semana pelo Chefe de Estado, Filipe Nyusi.
Tonela, que antes assumia as pastas de ministro dos Recursos Minerais e Energia, considera que o aperfeiçoamento da política fiscal será um dos seus principais desafios na liderança do dossier das contas do Estado.
“A minha primeira missão será trabalhar com o sector para que possamos aprimorar o quadro regulatório, sobretudo da política económica e fiscal, de forma a assegurar que seja mais fácil investir e fazer negócios em Moçambique”, disse.
O governante que falava à comunicação social, igualmente momentos após a cerimónia de tomada, considera que a adopção de uma estratégia que dê prioridade à melhoria do ambiente de negócios é fundamental, na medida em que, defende, “atrai investidores”, o que cria espaço para o surgimento de mais empregos e reforça a base fiscal.
“Pretendemos prestar muita atenção aos aspectos económicos e queremos trabalhar com o sector empresarial, sobretudo o privado”, indicou o ministro.
Industrialização será o alvo do novo líder da Indústria e Comércio
Na mesma linha de pensamento de Max Tonela está o novo ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, que destaca também a importância do ambiente de negócios para atrair investimento, considerando que, na sua missão, vai privilegiar políticas para a industrialização do país.
“Temos de olhar para as políticas e melhorar aquilo que são os entraves […] Queremos acelerar o passo no que diz respeito a algumas mudanças que devem ser efectuadas”, frisou Silvino Moreno.
O novo timoneiro da pasta da Indústria e Comércio admite desafios para o alcance dos objectivos do Executivo no processo de industrialização, principalmente com as limitações impostas pela falta de vias de acesso para o escoamento de produtos. “Este é um desafio permanente para um país em desenvolvimento. As rodovias carecem sempre de reabilitação e a reabilitação significa investimentos. Isto é um ciclo e um problema contínuo. O que nós temos de fazer é em cada momento encontrarmos a melhor forma de responder”, declarou.
*Com Lusa