Arqueólogos e investigadores de várias nacionalidades estão, há cerca de três semanas, a realizar novas escavações arqueológicas na mais antiga rua de Cabo Verde, a rua Banana, na Cidade Velha. Foi no decorrer desta nova jornada de pesquisa que foi descoberta a ruína daquilo que deverá ser uma habitação de elevadas dimensões, semelhante a um sobrado.
Samira Baessa, presidente do Instituto do Património Cultural (IPC) afirma que a descoberta vem “enriquecer o debate à volta desta primeira rua urbanizada nos trópicos, bem como mostrar a sua importância no contexto sociocultural da época”.
Além das evidências da habitação, foram também descobertos e recolhidos, para análise, vários objetos e artefactos.
Historiadores, arqueólogos e especialistas de vários domínios têm estado a proceder à escavação da Rua da Banana e também ao levantamento topográfico da Sé Catedral. Trabalhos essenciais para a preservação e reconstrução de um dos mais importantes marcos da história do Sítio Património Mundial.
Esta campanha de pesquisa resulta de uma parceria com o Centro de Humanidades da Universidade Nova de Lisboa e a Universidad del País Basco, em Espanha e dá seguimento aos trabalhos iniciados em 2018.
Ao mesmo tempo que se faziam as escavações em terra, a Cidade Velha recebeu também o Chantier-École Internacional de Arqueologia Subaquática. Uma iniciativa que contou com 12 jovens profissionais do Património Cultural nos domínios da arqueologia de Cabo Verde, Senegal, Comores, Eritreia, Gâmbia, Quénia, Moçambique e Marrocos. O objetivo foi capacitar técnicos para o estudo do património subaquático, em particular o que decorre dos naufrágios, da Cidade Velha.
Ambas as iniciativas do IPC estão enquadradas nas comemorações da elevação da Cidade Velha a Património Mundial da Humanidade pela UNESCO em 2009.