Estávamos na década de 1920 quando uma mulher, farta dos exageros dos homens, conseguiu que fosse aplicada nos EUA a lei que proibia o consumo, venda e produção de bebidas alcoólicas. Mas como o fruto proibido é o mais apetecido, não demorou muito tempo até aparecerem os bares speakeasy: locais onde esta lei era ignorada e as pessoas continuavam a desfrutar do álcool.
O conceito chegou a Portugal pelas mãos de Paulo Gomes e Emanuel Minez, os proprietários do bar Red Frog que entrou recentemente para a lista dos 100 melhores bares do mundo – ocupa a 92.ª posição. O projecto, onde se trabalha a olhar para o exterior, sempre foi mais conhecido lá fora do que em Portugal e foi com muita satisfação que os proprietários receberam esta distinção. “Estar na lista, seja em que posição for, para mim foi uma vitória”, admite Paulo à FORBES.
O bar, que abriu em Maio de 2015, está localizado no número 5A da Rua do Salitre, em Lisboa. Por este bar da capital portuguesa já passaram personalidades como o barman-estrela Tony Conigliaro – para Paulo uma das figuras mais influentes da área –, entre muitos outras pessoas ligadas à politica, às artes ou à televisão. A procura tem sido tanta que o plano para abrir um segundo espaço já é uma realidade.
Nome
O sapo que dá nome ao espaço foi escolhido quando Emanuel estava no Panamá e encontrou a praia onde existe este animal. Fez sentido por diversos motivos: o sapo é muito venenoso e no bar vendem álcool; é um animal em vias de extinção e o conceito de speakeasy ainda não existia em Portugal; é um animal que só se vê de noite que é quando o bar está aberto.
Regras
Um dos grandes impulsionadores da reintrodução dos speakeasy foi o americano Sasha Petraske e é dele a autoria da carta de regras adoptada aqui. A que tem mais impacto nos clientes e provoca risos é “o gentleman não se apresenta a uma senhora. Respeite este facto, sff”. O objectivo é que se entenda que “ainda se pode ter noites em que as pessoas se respeitam”, afirma.
Telefone
O Red Frog é um speakeasy em todos os aspectos, inclusive no facto de ter uma sala secreta. Através do móvel da parede do fundo do bar é possível aceder a um compartimento que recebe grupos e assim aumentar a capacidade do bar, que já provoca grandes filas na Rua do Salitre. Para entrar basta dirigir-se ao telefone com o código que faz abrir a porta secreta.
Bebidas
O menu muda de seis em seis meses. Apenas dois cocktails estão presentes desde o início: o American Gangster e o Spiced Rusty Cherry. Paulo recebeu-nos com o “Aloha” que custa 12,50 euros, mas os preços variam entre os 10 e os 14 euros. Na perspectiva do proprietário, os clientes procuram os cocktails do Red Frog porque estão “à procura de uma experiência”.
Música
A escolha da música foi feita através da resposta à pergunta “se as pessoas que abriram os speakeasy nos anos 20 o fizessem hoje passariam a mesma música?”. Na opinião dos proprietários a resposta é não. No bar onde normalmente evitam o estilo mais comercial, passa swing, jazz, música clássica, rock, blues e alguma música mais contemporânea.
Móvel
Neste móvel estão alguns prémios, ofertas e muitas recordações. O que os sócios mais querem ainda não foi possível expor – o shaker com a inscrição “50 best” gravada – mas Paulo destaca o prémio de melhor bartender de Portugal, no Lisbon Bar Show. Os prémios são importantes, mas os que têm mais valor são os que marcam o reconhecimento por parte da indústria.
Fotografia
Estão várias expostas nas paredes do bar, mas Paulo destaca uma: a fotografia de Ada Coleman que, segundo o próprio, é a “senhora que todos deviam conhecer” na área. Coleman foi a primeira barmaid do famoso The Savoy. Não só ela é importante, como também o foram os speakeasy na altura em que as mulheres começaram a frequentar bares.