O primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, disse esta Sexta-feira que o seu país é independente e soberano e que ninguém vai ditar como deve relacionar-se com a Rússia, assegurando que o acordo militar assinado está em vigor e vai ser efectivado.
“Nós somos independentes, soberanos, ninguém vai nos ditar como devemos nos relacionar com a Rússia”, declarou Patrice Trovoada, a propósito da polémica gerada à volta de um acordo técnico-militar assinado com a Rússia, e que não tinha sido divulgado pelo executivo.
A assinatura do acordo “por tempo indeterminado” foi noticiada pela agência de notícias oficial russa Sputnik, que revelou que o acordo foi assinado em São Petersburgo em 24 de Abril e começou a ser implementado em 05 de Maio.
Segundo a imprensa russa, as duas partes acordaram cooperar nos domínios da formação conjunta de tropas, recrutamento de forças armadas, utilização de armas e equipamento militar, logística, intercâmbio de experiências e informações no quadro da luta contra a ideologia do extremismo e do terrorismo internacional, educação e formação de pessoal e prevê a participação em exercícios militares.
Na Quinta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, disse que Portugal manifestou a São Tomé e Príncipe “estranheza” e “apreensão” pelo acordo de cooperação técnico-militar assinado com a Rússia.
“Acho que não há razões nenhumas para preocupações. É um acordo normal, habitual, que existe com vários países e sobretudo Portugal não tem razões para estar preocupado”, reagiu o primeiro-ministro são-tomense, sublinhando que o arquipélago tem uma “cooperação antiga” e “profunda” com Portugal.
Patrice Trovoada, citado pela Lusa, afirmou que, relativamente à guerra da Rússia com a Ucrânia, São Tomé e Príncipe “foi bastante claro” quanto ao seu posicionamento e lembrou que, numa das Assembleias das Nações Unidas, ele próprio deu “procuração a Portugal para votar em nome de São Tomé e Príncipe contra a Rússia”.