Nico cresceu no meio dos barcos. O pai era skipper e, por essa razão, cresceu ao pé do mar. “O meu pai era também um carpinteiro, mecânico, muito do it yourself…”, conta.
Lembra-se do deslumbre que teve das primeiras vezes que viu uma prancha clássica, em 1996, “linda, com design clássico, uma grande quilha de madeira fixa, rails 50/50.” Mais tarde, em 2009, depois de anos de aprendizagem dentro e fora de Portugal, a Wavegliders nasceu da vontade de Nico para criar uma nova gama de pranchas que conciliassem as vertentes funcional e artística.
“O meu conceito assenta na modernização de conceitos e nos designs das décadas de 1960 e 1970”, explica Nico, inspirado pelo trabalho do lendário shaper Bob Simmons, da Califórnia, nos EUA, que lançou a semente da prancha moderna.
A fábrica, na Ericeira, a poucos quilómetros de Ribeira d’Ilhas, mais parece um atelier de um artista plástico. Entra-se no espaço de alguns metros quadrados onde o shaper faz as suas pranchas e é uma explosão de cor, com tintas e vernizes a sarapintar o lugar. O resultado final são pranchas que pretendem trazer a década de 1960 de volta ao presente, sem descurar a usabilidade.
“Não me interessa fazer pranchas bonitas para pôr na parede, que é a coisa que mais odeio.”
O resultado são pranchas feitas à medida, para serem “surfadas” de acordo com as características do surfer, “para dar uma determinada vibe”, explica Nico.
Os preços de cada prancha vão até aos 1500 euros, um pouco abaixo do preço das pranchas californianas – apesar de terem a mesma matriz no que toca a estilo e confecção. “A mesma qualidade de uma prancha da Califórnia, mas com um preço ligeiramente mais baixo”, afirma Nico. Um produto cuja sofisticação discreta é reconhecível por quem sabe que o surf, essa modalidade de décadas, não nasceu das pedras.