O Museu de Antropologia de Angola inaugurou, nesta Quinta-feira, a segunda edição da exposição ‘A Máscara Oculta’ com um total de 10 fotografias da série original do músico e fotógrafo belga, Kristof Degrauwe.
A exposição que conta com o apoio da Nesr art Foundation – Fundação de Arte Independente e dos artistas e antropólogos, Jamil Osmar, Gato Preto e Jack Tchindje, insere-se no âmbito das comemorações dos Dia Internacional dos Museus.
‘A Máscara Oculta’ disponibiliza para o público uma nova intervenção nas alas do museu, com o propósito de tornar os espaços mais atraentes e enaltecer o valor das obras e máscaras em exibição permanente, proporcionando novos desenhos e cores, assim como uma experiência mais dinâmica e de fácil compreensão sobre a cultura tradicional da confecção das máscaras e rituais tradicionais.
À margem do evento, Kristof Degrauwe contou à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA que se trata de um trabalho que começou a ser feito entre 2020 e 2021, com a renovação de uma área do museu que estava fechada, mas lembrou que as fotografias fazem parte de uma série de 29 tiradas entre 1999 e 2000, em Lubumbashi, República Democrática do Congo.
“Nos novos espaços, apresentamos uma mistura de máscaras originais do museu, uma nova estatua proveniente da República Democrática do Congo, murais educativos que falam sobre ritos de circuncisão”, detalhou o também quadro da Embaixada da Bélgica em Angola, que está prestes a terminar a sua missão de responsável para a residência do embaixador.
O artista acredita que este projecto pode ser impulsionador para futuras intervenções e modernização nos museus em Angola, com uma mensagem muito importante de preservação da história, cultura e tradições que devem ser preservadas pelas gerações mais jovens.
Guilherme Mampuya, artista plástico angolano que doou um quadro icónico à gala da 1º edição dos Prémios Forbes Responsabilidade Social 2023, considerou ser uma iniciativa brilhante do fotógrafo Kristof Degrauwe e destacou que o ponto mais forte é a doação das fotografias digitais ao museu.
Entretanto, acrescentou, é preciso dar mais condições aos colecionadores para partilharem os seus trabalhos com o resto da população em outros lugares, este tipo de projecto requer apoio financeiro e logístico. “A questão de espaço já não é constrangimento, mas sim os projectos que têm que andar”, disse.
O chefe de departamento de educação e animação cultural do Museu de Antropologia de Angola, sublinhou que a exposição resulta da primeira edição realizada em 2021, época da pandemia da Covid-19, que suscitou “muito interesse” do público nacional e internacional.
“Esta exposição é uma junção da arte contemporânea e ancestral. São fotografias e uma escultura de madeira que ele ofereceu ao museu. Aqui, nós vamos encontrar várias máscaras dos povos Cokwe, Bakongo e Nganguela, como “Mukixi wa Kambulu”, “Mwana-Pwo”, “Tchanda” e “Cikunza”, que retratam o ritual da iniciação feminina e masculina, cerimónia de entrosação do poder tradicional e fúnebre”, reforçou.
Para o embaixador da Bélgica em Angola, Jozef Smets, há aqui uma nova forma de fazer viver o museu, de o revolucionar com novas técnicas, sendo que a exposição traz a digitalização da informação sobre cada foto e objecto apresentado.
“O projecto introduziu elemento-chave para modernização do acesso à informação através de códigos QR que está disponível para os visitantes”, assegurou o embaixador da Bélgica em Angola.