Os agricultores representam 70% da força de trabalho no continente africano, dos quais 60% são agricultura familiar. Esta, por sua vez, é representada por mulheres que produzem mais de 60% dos alimentos consumidos, refere a primeira-dama de Angola, Ana Dias Lourenço, no âmbito do webinar sobre “A Mulher Rural nos Sistemas Agro-alimentares e na Economia”.
Segundo o relatório anual de 2018 do Banco Mundial estima que dos 28 países mais pobres do mundo, 26 fazem parte da região subsariana de África, com taxas de pobreza à volta dos 40%, colocando 70% das mulheres e dos seus filhos como os mais pobres no mundo. Ora, em Angola, a pobreza extrema varia de género. Para as mulheres, a percentagem é de 40,2%, enquanto que para os homens é de 40,8%.
Sobre a temática, Ana Dias Lourenço acrescenta que o nível de pobreza extrema na área rural é três vezes superior em relação à área urbana, sendo que os maiores níveis são registados nas províncias do Cuanza-Sul, Lunda-Sul, Huíla, Huambo, Uíge, Bié, Cunene e também Moxico. Províncias que, segundo a primeira-dama, possuem um elevado potencial agroalimentar.
O webinar subordinado ao tema “A Mulher Rural nos Sistemas Agro-alimentares e na Economia” visa dar visibilidade à grande contribuição das mulheres rurais angolanas e do mundo na transformação da agricultura e pesca, bem como o reforço da segurança alimentar das famílias. Ana Dias Lourenço diz que mais de um terço das mulheres activas no mundo trabalham na agricultura, cultivam a terra, fornecem alimentação e são a garantia de subsistência das famílias.
“As mulheres representam a força motora da economia familiar e rural em Angola e são agentes económicos que tem sob os seus ombros tarefas importantes e diversas, quer na sociedade, quer nas famílias”.
Para o efeito, chama a atenção das instituições ligadas à matéria no país, no sentido de reforçarem o apoio à mulher rural, bem como melhorar a eficácia das políticas públicas neste domínio, melhorar a educação, a saúde, o acesso às tecnologias, a criação de rede de apoio e incentivos de autonomia das mulheres na comunidade.
Por outro lado, sublinha também a necessidade de se regenerar o agronegócio, doptar as comunidades de capacidade para se fixarem, aumentar os níveis de investimentos no meio rural e diversificar as modalidades de financiamento tendo como base ao microcrédito.
“Esses trabalhadores são a base da economia e a chave para a sua expansão. Acreditamos que políticas e acções concretas para o aumento da produtividade agrícola de forma sustentável é a forma mais eficaz de reduzir a pobreza no nosso país e no nosso continente, em particular, na África Subsariana”, disse.
UA quer incluir mais de 30% das mulheres no acesso aos títulos de propriedade
Por sua vez, a comissária da União Africana para a Economia Rural e Agricultura, Josefa Sacko, diz que a agenda 2063 da União Africana apela ao desenvolvimento inclusivo e orientado para as pessoas, com ênfase na melhoria do acesso das mulheres aos bens produtivos , empoderamento em todas as esferas, igualdade de direitos socais, políticos e económicos.
Em termos de igualdade de género, os compromissos da UA, visam atingir, particularmente, uma taxa de 30% dos direitos da terra e 50% do acesso das mulheres ao financiamento.
A iniciativa marca o 75.º aniversário da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura – FAO e realiza-se num momento excepcional, em que os países de todo o mundo enfrentam os efeitos generalizados da pandemia da Covid-19.
Entre os temas destacam -se a “Situação Global da Mulher Rural na Economia e os Sistemas Agro-alimentares, A Mulher Rural na Transformação da Agricultura Sustentável, a Diversificação Económica de Angola, Empoderamento da Mulher Rural para Alcançar os Compromissos de Malabo, Agenda Africana 2063 e Agenda 2030”.