Os preços do petróleo bruto no mercado internacional poderão estar cotados, nos próximos dois anos, entre os 50 e 70 dólares por barril, abaixo do que o brent está hoje cotado oficialmente nas praças internacionais, de acordo com cálculos da FORBES, com base nas previsões da agência de notação de risco e estudos económicos, Moody’s, divulgadas recentemente às empresas e analistas financeiros.
Apesar da revisão optimista, os preços são ainda baixos comparados aos apurados na sessão dos mercados de commodities nesta Terça-feira, 12, com um barril de brent, referência para as vendas de Angola e vários países lusófonos, a fechar o dia nos 83,2 dólares.
De acordo com a Moody’s, a previsão de que os preços do petróleo se situem entre os 50 e 70 dólares dos Estados Unidos deve acompanhar também um aumento dos custos de produção para níveis pré-pandémicos.
“Aumentámos a nossa estimativa de preço médio do barril de petróleo para entre 50 a 70 dólares entre 2022 e 2024 para reflectir a nossa expectativa de que o custo total de produção de um barril vá aumentar em linha com a recuperação da procura”, lê-se no relatório sobre a evolução do preço do petróleo, tornado público com a chancela da agência.
A Moody’s explica, no documento, que se está “a voltar ao preço médio que havia antes da pandemia”, pelo que aponta que “a oferta condicionada vai continuar a sustentar a subida dos preços do petróleo”.
A agência de notação de risco e estudos financeiros considera ainda que os investimentos na prospecção de novos poços de petróleo continuam bem abaixo dos níveis registados antes da pandemia, “apesar da notória reviravolta nos preços do petróleo e do gás em 2021 e do facto de as empresas de exploração e produção estarem a sinalizar que vão continuar a restringir a despesa no próximo ano”.
Os analistas da Agência consideram, entretanto, que, no caso de Angola e congéneres, que enfrentam um declínio estrutural da exploração das reservas e limitações na prospecção de novos poços, o investimento das empresas na busca de novos campos de petróleo é essencial.
Governo angolano reconhece decréscimo
Por sua vez, o ministro da Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior, reconheceu, numa conferência de Chatham House que, como resultado do desgaste natural nos campos do petróleo, problemas operacionais, e de ausência de investimentos suficientes, a produção física tem estado a decrescer no país, com o sector petrolífero a cair 11,6% só este ano.
Face a este cenário, os analistas da Moody’s estimam que as empresas “vão precisar de aumentar consideravelmente a sua despesa a médio prazo para substituírem as reservas e evitarem declínios na produção futura”.
Para já, a despesa em exploração e produção aumentou apenas ligeiramente face à queda de 30% em 2020, com os produtores a planearem “investir, de forma conservadora em 2022, impulsionados pela subida dos preços das matérias-primas”, indica a Moody’s.