A agência de notação financeira Moody’s piorou a perspectiva de evolução da economia de Angola, de Positiva para Estável, mantendo o rating em B3, devido ao abrandamento da consolidação orçamental e à elevada dívida pública.
“A decisão de mudar o ‘outlook’ para Estável reflecte a nossa expectativa de um ritmo mais lento de consolidação orçamental do que o previsto anteriormente, com o risco de uma deterioração do peso e serviço da dívida motivado pela depreciação do kwanza a continuarem elevados”, escrevem os analistas na nota divulgada na sexta-feira à noite.
No anúncio da decisão, a Moody’s escreve que o nível do ‘rating’ mantém-se em B3, abaixo da linha de recomendação de investimento, num contexto em que Angola deverá continuar a registar ligeiros défices orçamentais nos próximos anos, apesar de um crescimento mais forte do Produto Interno Bruto a curto prazo, e condições favoráveis no setor petrolífero.
“O rácio da dívida sobre o PIB deverá estabilizar-se num patamar mais alto que o previsto, ligeiramente abaixo dos 60% do PIB, ainda assim muito mais baixo que no final de 2020, quando o rating de Angola era Caa1″, escreve a Moody’s, acrescentando que “as melhorias na vulnerabilidade externa são também mais limitadas que o previsto, com a volatilidade cambial a permanecer elevada”.
A degradação do ‘outlook’ para Angola significa que a Moody’s não prevê subir nem descer, nos próximos 12 a 18 meses, o rating de Angola, num contexto em que os riscos de refinanciamento da dívida desceram, mas o Governo continua a enfrentar um perfil de dívida desafiante, incluindo pagamentos significativos de dívida bilateral, pelo que, em conjunto, este cenário mostra que “os riscos são equilibrados para o nível de rating B3”.
A manutenção da opinião sobre a qualidade do crédito soberano de Angola “reflecte a economia pouco diversificada, apesar de esforços de melhoria nas reformas e no ambiente de negócios nos últimos anos, e a significativa dependência do setor petrolífero quer para as receitas fiscais, quer para as receitas das exportações”, acrescenta a Moody’s, salientando ainda o enquadramento institucional fraco e a vulnerabilidade da dívida pública à volatilidade das taxas de câmbio e de juros.