A agência de notação financeira Moody’s anunciou uma melhoria na perspetiva de evolução da Corporação Financeira Africana (AFC), passando de negativa para estável, enquanto mantém o rating da instituição em A3. A decisão baseia-se na expectativa de que a AFC conseguirá manter ou melhorar a alavancagem dos seus ativos.
Segundo os analistas da Moody’s, a alteração na perspetiva é sustentada pela capacidade da AFC em preservar o seu histórico de desempenho e pela forte estratégia de angariação de capital que a instituição tem adotado. Entre 2019 e 2023, a AFC ultrapassou o objectivo de angariar mil milhões de dólares e planeia continuar a aumentar o capital próprio entre 2024 e 2028.
A redução do rácio de entrega de dividendos desde 2023 permitirá à AFC reter uma maior parte dos lucros, contribuindo para o aumento da base de capital de forma orgânica, mesmo operando em países com classificações financeiras mais baixas do que a sua.
De acordo com a Lusa, o Moody’s destaca que, apesar do aumento do risco-país em várias regiões onde a AFC atua, a instituição tem demonstrado um desempenho resiliente dos ativos, com uma proteção de crédito eficaz. Além disso, a manutenção do rating em A3 reflete a adesão da AFC a diretrizes prudenciais, com uma sólida adequação de capital e liquidez de alta qualidade.
No entanto, a agência alerta para a “fraca base de apoio” dos acionistas, uma vez que muitos dos países africanos têm ratings mais baixos e podem não conseguir fornecer capital à AFC se necessário. O Banco da Nigéria e instituições financeiras nigerianas detêm uma parte significativa do capital subscrito da AFC.
Desde a sua criação em 2007, a AFC já investiu cerca de 13 mil milhões de dólares em projetos em 36 países africanos, incluindo Angola, Cabo Verde e Moçambique, visando soluções para o défice de infraestruturas no continente.
Em comunicado à Lusa, a AFC realçou que a manutenção do rating é essencial para garantir os menores custos de endividamento em África, permitindo a execução de projetos transformadores nas áreas de energia, recursos naturais, transportes e tecnologia.
O presidente da AFC, Samaila Zubairu, expressou satisfação pelo apoio da Moody’s, que considera fundamental para o acesso aos mercados globais de capital e para a mobilização de recursos necessários à infraestrutura que integra e industrializa África.