A agência de notação financeira Moody’s decidiu manter o rating de Angola em ‘B3’ e a perspetiva de evolução positiva, refletindo os esforços do Governo na área das finanças públicas e a gestão cambial.
“A decisão da Moody’s de manter a perspectiva de evolução (‘outlook’) positiva reflecte os esforços do Governo para restaurar a robustez das contas públicas e melhorar a gestão cambial”, lê-se na nota divulgada em Londres, na qual é mantida a nota ‘B3’, entretanto, abaixo da recomendação de investimento.
Os analistas da Moody’s escrevem que o empenho do Governo em manter um orçamento quase equilibrado, mesmo no caso de uma queda nas receitas petrolíferas, “sinaliza uma melhoria gradual na governação”, pelo que nos próximos 12 a 18 meses a Moody’s vai continuar a analisar se o Governo consegue inverter a deterioração do peso da dívida testemunhada em 2023 e se o risco cambial diminuiu de forma sustentada.
A manutenção da opinião sobre a qualidade de crédito em ‘B3’, cinco níveis abaixo da recomendação de investimento, “reflete o actual elevado nível do peso e do custo da dívida, bem como um elevado risco cambial, a que se junta a lentidão da transição energética, já que Angola vai demorar tempo a reduzir a sua vulnerabilidade estrutural aos choques na indústria petrolífera, que continua a ser um sector volátil”, justifica a agência de notação, no comunicado citado pela Lusa.
Na nota enviada aos investidores, a Moody’s considera que as receitas do Estado vão beneficiar da estabilização da produção petrolífera em cerca de 1,1 milhões de barris diários até 2030, período durante o qual deverão registar-se “significativos investimentos em projectos de águas ultraprofundas”.
Por outro lado, e não havendo uma nova depreciação da moeda como a que existiu no primeiro semestre, em que o kwanza afundou cerca de 40% face ao dólar, de acordo com a Moody’s, o aumento do peso da dívida para 78% do PIB em 2023, que compara com os 61% no ano passado, pode ser completamente revertido até 2025.
Os economistas da agência preveem também que que o rácio da dívida de Angola sobre a receita caia para menos de 250% e o rácio entre o pagamento de juros e as receitas desça para cerca de 20%. Para além disso, concluem, o nível de necessidades de endividamento deverá rondar os 8% do PIB em 2024 e 2025, depois de ter sido de 11% este ano.