Desde a sua criação, o concurso ‘Moda Angola’ tem acompanhado o comportamento económico do país e, este ano, não foi diferente. Para celebrar os 45 anos da independência nacional, a Tussole, empresa organizadora e promotora do evento, decidiu apresentar um novo conceito na oitava edição que aconteceu no dia 6 do mês em curso, numa unidade hoteleira de Luanda.
A racionalização económica foi a estratégia orientadora para a realização do ‘Moda Angola’. Os promotores tiveram que cortar custos em todos os pormenores que compuseram o evento e apostar nos criadores nacionais que têm primado cada vez mais pelos serviços e produtos locais, bem como apelado a uma maior inclusão no processo de industrialização traçado pelas autoridades.
Daniel Pires, fundador e director-geral da Tussole, explica em entrevista à FORBES que este ano o foco foi juntar criadoras de trajes com designers de moda angolana, como Lucrécia Moreira, Elisabeth Santos, Milucha Design, Iracema Cordeiro com a marca Danarisp, Tamar Machai, Luiza Feijó & Maria Santos e a empresária Elca Conceição, com a marca Detop.
Segundo avança o empreendedor, essa estratégia resultou numa redução considerável dos custos com a organização do evento, na ordem dos 69%, comparativamente à edição anterior. No ano passado, precisa Daniel Pires, o ‘Moda Angola’ ficou orçado em 8 milhões de kwanzas, sendo que no ano em curso foram precisos apenas 2,5 milhões de kwanzas.
“Parece que tudo subiu em termos de preços e por isso tivemos que racionalizar em cada pormenor para fazer o evento. Este valor [2,5 milhões de kwanzas] quase não serve para fazer um evento desses, mas tudo aconteceu por causa da nossa disciplina e experiência ao longo desse tempo”.
Mesmo com o orçamento apertado, Daniel diz que, no geral, o evento envolveu uma média de 500 pessoas, sendo 80 de forma directa e a esmagadora maioria indirectamente, pois acompanharam a actividade via da internet, em obediência das regras de distanciamento impostas pela pandemia da COVID-19.
O evento, realça o jovem de 35 anos, contou com a participação de sete estilistas, 30 modelos e mais de 5 agências. “Já estamos acostumados a fazer evento desses, mais sentimos que em tempo de Covid-19, se tivermos tudo bem articulado, o custo é menor”, garante.
Daniel Pires revela à FORBES que, após um balanço positivo feito nesta edição, a expectativa será maior para o próximo ano que terá como tema ‘a liberdade’. “Estamos a caminhar para o marco da décima edição, que acontece em 2022, e por isso, queremos melhorar e trazer mais modelos e estilistas.
O agente de moda revela que, normalmente, sem contar com os patrocínios, tem feito anualmente um investimento próprio de cerca de 5 milhões de kwanzas na organização do ‘Moda Angola’. “Foi muito positivo e muito gratificante desafiar a Covid-19 e projectar um evento dessa magnitude. É caso para dizer que o país tem jovens de valor e a crença deve continuar”, conclui.