A nova ministra das Finanças de Moçambique, Carla Alexandra Loveira, admitiu, recentemente, a necessidade de “reestruturação” da dívida pública, alertando que o país perdeu receitas de quase 640 milhões de euros após as manifestações pós-eleitorais.
“Um dos desafios que nós temos, um dos principais, é mesmo a gestão da dívida pública. O trabalho que temos de fazer é uma reflexão, um trabalho profundo de reestruturação da nossa dívida, para que dentro daquele espaço orçamental possamos assegurar o pagamento da dívida, mas também responder às necessidades correntes do Orçamento”, disse a ministra, após a tomada de posse do novo Governo, esta manhã, em Maputo.
Carla Alexandra Loveira era vice-ministra da Economia e Finanças no mistério anterior e foi escolhida pelo novo Presidente da República, Daniel Chapo, para assumir a pasta de ministra das Finanças.
A posse do novo Governo, cuja primeira-ministra, também empossada hoje (juntamente com outros 12 ministros), é a antiga juíza e ministra da Justiça Maria Benvinda Levi, acontece após praticamente três meses de violentas manifestações contestando o processo em torno das eleições gerais de 09 de outubro.
“Os indicadores do fecho do ano passado, que nos foram apresentados, mostram que só no mês de Dezembro houve uma perda de cerca de 14 mil milhões de meticais [213 milhões de euros] de receita, decorrente das manifestações. O ano todo está a contar com uma perda de receita de cerca de 42 mil milhões de meticais [639 milhões de euros]. Portanto, esta perda de espaço acabou comprometendo o exercício do ano passado”, descreveu a nova ministra das Finanças.
Carla Alexandra Loveira defendeu que é necessário que em 2025 – Moçambique entrou neste ano em regime de duodécimos e só prevê aprovar o Orçamento do Estado até Abril – incrementar o crescimento económico, que para o ano passado estava estimado em 5%, mas que deverá ser revisto em forte baixa devido às tensões e paralisações pós-eleitorais.
“Queremos que neste exercício económico toda a recuperação económica aconteça, para que haja capacidade, disponibilidade, recuperação, estabilidade económica, para que a atividade económica aconteça e também os retornos provenientes da captação de recursos por parte do setor privado possam beneficiar aquilo que é o Orçamento de Estado. Portanto, dessa forma podemos assegurar aquilo que são os setores prioritários. É esse o nosso desafio”, reconheceu a nova Ministra das Finanças, citada pela Lusa.