A companhia norte-americana de exploração e produção de energias e gás natural, Exxon, deve, afinal, manter-se no Projecto Afungi, iniciativa de produção de gás natural daquela empresa no Norte de Moçambique. A garantia é do ministro dos Recursos Minerais e Energia do país, Max Tonela.
De acordo com o responsável, a Exxon assegurou, em conversa com o titular da pasta, a continuidade dos seus projectos de gás natural no Norte do país, apesar das inúmeras notícias que davam conta de que a empresa está a repensar a sua carteira de negócios nos combustíveis fósseis.
“Da parte das empresas, incluindo da Exxon, a indicação que temos foi de reafirmar a aposta no Projecto de Afungi, mesmo depois das notícias que foram postas a circular”, afirmou Tonela, quando respondia aos jornalistas à margem do XVIº Conselho Coordenador do seu Ministério, em Pemba, capital da província de Cabo Delgado.
A reacção do governo moçambicano surgiu dias depois de o Wall Street Journal ter avançado, numa das suas recentes edições online e impressa, um vasto artigo dando conta de que os norte-americanos da Exxon tinham em vista um plano de saída na produção e combustíveis em várias geografias, incluindo Moçambique e Vietname.
Citando um relatório interno da Exxon Mobil, vários jornais e sites especializados davam conta de que a ideia de abandonar a cadeia de produção de combustíveis fósseis surgiu do facto de a companhia ter integrado, no seu board, vários executivos que são ‘amigos’ do ambiente, com destque para Jeff Ubben, novo gestor da empresa.
Assim, Moçambique e Vietname corriam o risco de perderem um investimento que, em princípio, custaria àquela empresa de exploração petrolífera e energética cerca de 30 mil milhões e vários milhares de milhões de dólares, nos dois casos, seguindo a mesma ordem.
Para contonar a decisão ou tranquilizar o mercado interno, Max Tonela garantiu que, face às noticias das últimas semanas, está em agenda uma visita de representantes da petrolífera norte-americana a Maputo, no início de Novembro, para um ponto de situação em relação aos empreendimentos em Moçambique.
“Temos estado a trocar informações com a Exxon, estando previsto para breve mais um encontro em Maputo, no início do mês de Novembro”, declarou.
O Wall Street Journal noticiou na última semana que a petrolífera norte-americana está a estudar a possibilidade de cancelar investimentos como o que está previsto para o Norte de Moçambique, citando pressões dos investidores para limitar a aposta em combustíveis fósseis.
Em causa, uma redução das emissões de carbono e, ao mesmo tempo, aumentar o retorno aos investidores, já que a aposta em megaprojectos, como o de Cabo Delgado, demora vários anos até chegar à fase de maturidade.
De acordo com as fontes citadas pelo Wall Street Journal, não é claro que destas discussões saia uma decisão sobre o investimento em Moçambique, que aguarda ainda pela Decisão Final de Investimento, passo a partir do qual o projecto é irreversível, sob pena de as sanções suplantarem os custos de investimento.
Até ao momento, a Exxon já gastou 2,8 mil milhões de dólares para adquirir uma posição importante no projecto da Área 4 da bacia do Rovuma, o maior projecto de exploração de gás natural da África subsaariana, mas há vários anos que adia a decisão final sobre a o investimento, que, segundo o Governo de Moçambique, pode ficar entre os 27 e os 33 mil milhões de dólares.
Segundo dados oficiais, a província de Cabo Delgado é rica em gás natural. entretanto, desde 2017 que a região está a ser aterrorizada por rebeldes armados, sendo que alguns dos ataques têm sido reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.