Os capítulos moçambicano e angolano da organização Misa defenderam, em Maputo, a formação de uma “frente única” para enfrentar os desafios comuns à liberdade de imprensa nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Durante um Webinário que discutiu a liberdade de imprensa em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau, os líderes destacaram os obstáculos financeiros e políticos como principais entraves à liberdade de expressão.
Jeremias Langa, presidente do Misa Moçambique, sublinhou que as ameaças à liberdade de imprensa são comuns entre os PALOP. “Há uma tendência comum por parte dos políticos de fechamento dos espaços das liberdades”, afirmou Langa. Ele atribui essa situação ao domínio político de apenas dois partidos em muitos destes países, o que limita o direito à informação e a liberdade de expressão.
Langa também destacou que a sustentabilidade financeira dos media é um desafio crucial. “O modelo tradicional de financiamento dos media está completamente esgotado e com a digitalização, é hora de encontrar novas formas de financiamento. É difícil falar de liberdade sem sustentabilidade económica”, declarou.
André Mussamo, presidente do Misa Angola, também defendeu a necessidade de uma “frente única” entre os PALOP para enfrentar os desafios comuns. Mussamo enfatizou que a influência política sobre os meios de comunicação fragiliza a democracia. “Não podemos continuar a admitir uma falsa democracia, onde um grupo dominante impõe seus interesses”, afirmou.
De acordo com a Lusa, o Webinário promovido pelo Misa Moçambique foi marcado pela ausência de um orador do Sindicato Nacional de Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social da Guiné-Bissau. A ausência deveu-se à tensão entre o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, e a imprensa. Recentemente, Embaló foi criticado por ataques à liberdade de imprensa, incluindo agressões a jornalistas, o que levou o Sinjotecs a pedir o boicote das suas actividades.
O evento revelou a necessidade urgente de colaboração entre os PALOP para defender e promover a liberdade de imprensa face a desafios políticos e financeiros que ameaçam o sector.