O ministro do Comércio da Guiné-Bissau, Abas Djaló, acusou esta semana os comerciantes do país de “pura má vontade” para diminuírem os preços dos produtos de primeira necessidade, apesar das isenções fiscais e aduaneiras concedidas pelo Governo.
Num encontro com os comerciantes em Gabu, realizado na passada Terça-feira, 04, a 200 quilómetros a Leste de Bissau, o governante explicou que o Executivo decidiu baixar de sete para cinco a base tributária de produtos como o arroz, farinha e óleo, mas, contrariamente ao que se esperava, os preços aumentaram.
Segundo o ministro, o Governo acordou com um importador trazer cerca de 50 mil toneladas de arroz, que estava isento de taxas aduaneiras para baixar o preço no mercado, mas o importador vendia o arroz ao comerciante como se tivesse pagado as taxas. Abas Djaló reforçou que “o esquema”, em vez de ajudar a baixar os preços do arroz, provocou a situação inversa, “porque, o importador fez concorrência desleal e ainda lesou o Estado”.
O governante afirmou que os incentivos fiscais e aduaneiros que o Executivo tem dado aos comerciantes não estão a ajudar a baixar as taxas. “Os comerciantes não querem que os preços baixem. Há pura má vontade da parte dos comerciantes na Guiné-Bissau”, notou, acrescentando que já propôs ao Governo a mudança de estratégia.
“Escrevi uma carta ao primeiro-ministro a pedir que o Governo reponha a base tributária dos produtos de primeira necessidade e que informe os importadores que podem vender ao preço que quiserem, mas têm de pagar todos os impostos e taxas”, explicou Djaló.
O ministro do Comércio afirmou que a Guiné-Bissau, por ser um país pobre, “está a sentir ainda mais” os reflexos da situação mundial, com a guerra na Ucrânia e a crise energética, mas também as consequências da instabilidade governativa dos últimos anos.
O governante considerou, contudo, que isso não pode ser motivo para que os comerciantes não olhem para a situação geral da população, sobretudo com as medidas que têm sido propostas pelo Governo.
O preço dos produtos de primeira necessidade na Guiné-Bissau tem aumentado quase todas as semanas. Por exemplo, um saco de arroz, base alimentar dos guineenses, de 50 quilogramas passou dos 24 euros para cerca de 35 euros.
O ordenado mínimo na Guiné-Bissau é cerca de 75 euros, mas ainda há pessoas que recebem menos do que aquele valor.