O ministro angolano dos Recurso Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Pedro Azevedo, defendeu, recentemente, na cidade do Cuito, província do Bié, a necessidade de se continuar a impulsionar a cadeia de valor do sector no país, no sentido de se “evitar a exportação de minerais” em bruto, com realce para o gesso.
“Um mineral que começa também aparecer vontade de exportar é o gesso. Não vamos permitir a exportação de gesso. Para exportar gesso em bruto não contem comigo. Pelo menos enquanto eu estiver nesta função, tudo farei para que isso não aconteça. Podem procurar lóbis onde quiserem”, advertiu o governante, durante a IXª Reunião do Conselho Consultivo do seu pelouro.
Diamantino Azevedo deu nota que “começa a haver falta de gesso na África subsaariana e sem gesso não há cimento”. Por este facto, acrescentou, a exploração deste minério só será permitida para alimentar as indústrias cimenteiras do país, produzir pladur e gesso para os hospitais localmente.
Cresce corrida pela exploração de quartzo
Segundo o ministro, depois do garimpo de diamante e de ouro, que já se verifica no país há muito tempo, “agora surgiu também o garimpo de quartzo”, principal material utilizado no fabrico de painéis fotovoltaicos, nesta era da transição energética e das energias renováveis.
“O nosso país tem bastante recurso de quartzo, inclusive de ‘quartzo de qualidade A’, com mais de 99% de pureza, que já se exportou bastante no tempo colonial para países como o Japão e Alemanha. Hoje, o maior produtor de painéis solares do mundo é a China. Nós temos bastante quartzo no nosso país e o garimpo está a servir para a exportação do quartzo em bruto”, denunciou.

De acordo com o responsável pelo sector de Recursos Minerais e Petróleo de Angola, vários são os empresário e empreendedores que estão a solicitar licenças para a exploração deste importante minério. São, precisou, mais de 100 pedidos de licenças para a exploração de quartzo que estão pendentes na Agências nacional de Recursos Minerais (ANRM), por sua orientação.
“Fui eu que mandei a agência [de recursos minerais] parar, porque o quartzo está a ser simplesmente exportando em bruto. Mas, interessante é que já há no mínimo três ou quatro fábricas em que se está a transformar o quartzo em silício. Então, o nosso pensamento de repente mudou”, assumiu.
Diamantino explicou que a estratégia passa por dar oportunidade a aqueles que estão a garimpar de se legalizarem, sendo que no contrato se incluirá uma cláusula que proíbe a exportação de quartzo bruto. “Portanto, para aqueles que estão ilegais eu apelo: legalizem-se, se não, serão retirados. Aquelas fábricas que também estão a transformar o quartzo em quartzo metálico, se não estão legais, legalizem-se. E aí nós vamos ver a nossa tarefa facilitada, porque este material a ser exportado como quartzo metálico (silício) também acrescenta valor aos nossos impostos, às nossas taxas e é o estágio primário para no futuro chegarmos ao polissilício”, perspectivou.
Garantiu, estar-se já a trabalhar também numa estratégia de se chegar ao polissilício, tendo a Sonangol sido encarregue de trabalhar na materialização deste objectivo, podendo para o efeito contar com o suporte de uma empresa chinesa que tem tecnologia apropriada.
“É um investimento tremendo, mas é possível fazer”, concluiu o Diamantino Azevedo.