A Mileomar, empresa ligada ao sector pesqueiro, investiu cerca de 2,5 milhões de dólares na construção de um entreposto pesqueiro no município de Viana (Luanda), com capacidade para processar cerca de 400 toneladas de peixe por mês, avançou à Forbes, Miguel Oliveira, fundador e director-geral da empresa.
O empreendimento marca o início da estratégia de expansão da empresa que já conta com uma unidade de processamento com a mesma capacidade na Ilha do Cabo. De acordo com o empresário, além de criar mais postos de trabalho, o projecto surge como mais um aliado do Governo no programa de combate à fome e a pobreza naquela localidade da capital do país e arredores.
Com um sistema vácuo, a linha de processamento do entreposto pesqueiro de Viana, surge com o propósito de embalar caixas de peixe de até um quilograma, com o objectivo de atingir pessoas com baixo poder de compra, ao contrário da primeira unidade da empresa que embala apenas caixas de 20 quilogramas.
Actualmente o pescado para as duas fábricas de processamento é garantido por dois barcos de captura. Na forja está a instalação de mais entrepostos pesqueiros, a partir do próximo ano, em outras regiões do país, tendo sido já eleitas para a primeira fase as províncias do Bié, Huambo e Moxico.
O empresário que a Ilha do Cabo, em Luanda, viu nascer há 31 anos, explica que, inicialmente, a Mileomar estava focadas apenas no negócio da captura e venda directa em mercados informais como a Praia da Mabunda e às peixeiras. Entretanto, prosseguiu, nos últimos anos surgiu a ideia de montar o entreposto e uma fábrica de conservação em Viana, um projecto que, refere, irá contribuir para a venda do peixe a um preço mais justo ao consumidor final.
“O nosso foco principal é contribuir para o combate à pobreza e dar mais postos de trabalho”.
Para o jovem, que pertence à quarta geração de uma família ilhoa com ligações tradicionais ao sector pesqueiro, o combate à fome e a pobreza passa por dar oportunidade àquelas pessoas necessitadas, que não têm um pequeno fundo para começar um negócio. Nesta perspectiva, a empresa que fundou há nove anos, promete formar um grupo de micro-empresárias que se irão tornar automaticamente em colaboradoras e com a possibilidade de, numa primeira etapa, receber o produto à consignação.
“Esta microempresária, que chamamos vulgarmente de peixeira, depois vai conseguir criar o seu fundo para que no futuro tenha possibilidade de comprar a pronto pagamento”, detalha Miguel. Por outro lado, acrescenta, a nova unida de Viana vai ajudar a ditar um preço justo do peixe no mercado, uma vez que, antes, quando faziam apenas captura, os operadores que tinham fábricas e que eram fornecidos pela Mileomar encareciam o produto com margens de lucro que chegavam aos 200%, ganhando cerca de duas vezes mais. “Por isso, lançamo-nos também no processamento e a distribuição de pescado”, justificou.