Primeiro era apenas uma candidatura Ibérica, mas mais tarde Portugal e Espanha juntaram forças com a Ucrânia e anunciaram uma candidatura europeia à organização do Mundial 2030. Só que o prolongar da guerra e a detenção de Andriy Pavelko, presidente da Federação Ucraniana de Futebol, acusado de desviar fundos, levaram o país invadido pela Rússia em Fevereiro de 2022 a sair do plano.
Com um lugar vago na candidatura, o substituto foi encontrado num local perto dos dois países europeus, mas já num outro continente: é Marrocos que se junta a Portugal e Espanha para formaram aquela que poderá ser a primeira organização intercontinental da história do torneio.
“Esta candidatura conjunta, que não tem precedentes na história do futebol, irá juntar África e a Europa, o norte e o sul do Mediterrâneo, mas também os mundos africano, árabe e euro-mediterrâneo. Irá também mostrar o que de melhor há em nós, com uma combinação de genialidade, criatividade, experiência e meios”, anunciou Chakib Benmoussa, ministro da Educação e dos Desportos de Marrocos, durante um congresso da FIFA organizado no Ruanda.
Na luta pela organização do torneio estão também Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, em representação da América do Sul. Apesar de ainda não terem apresentado uma candidatura oficial, sabe-se que também a Arábia Saudita, Egipto e Grécia querem ser os organizadores do Mundial 2030.
Como aconteceu na edição de 2022, que decorreu no Catar, os grupos defensores dos direitos humanos já reagiram a esta inclusão de Marrocos.
“Marrocos ocupa ilegalmente desde 1975 o Sahara Ocidental que, segundo as Nações Unidas, de acordo com um sem número de resoluções e com o parecer do Tribunal Internacional de Justiça, é um território não-autónomo, pendente de um processo de descolonização”, lê-se numa carta da Associação de Amizade Portugal Sahara Ocidental, dirigida a Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol.
A associação pede que Portugal reconsidere esta decisão para que o Mundial não se torne numa forma de encobrir os problemas do país. “Fruto desta ocupação ilegal, e da resistência que o povo saharaui lhe opõe, sucedem-se as violações dos Direitos Humanos no Sahara Ocidental.
O mesmo acontece no próprio Reino de Marrocos, cujo regime foi condenado em resolução do Parlamento Europeu de 19 de Janeiro último por não respeitar os direitos à liberdade de expressão e a processos legais justos, apelando-se à libertação de todos os presos políticos”, dizem.