Uma manifestação popular de nível “nacional”, na última Segunda-feira, 21, em Moçambique pode ter culminado em perdas de 1,4 mil milhões de Meticais nas empresas, bem como outros danos indirectos, avança a Confederação das Associações Económicas do país (CTA).
Trata-se de protestos convocados e liderados por Venâncio Mondlane, candidato presidencial suportado pelo partido PODEMOS, na sequência do assassinato do seu advogado, Elvino Dias e do mandatário da sua candidatura, Paulo Guambe. É em repúdio a esse crime e a alegadas irregularidades nas últimas eleições gerais em Moçambique, entre elas, fraudes, que as manifestações têm lugar.
De acordo com o presidente da CTA, Agostinho Vuma, os prejuízos económicos e sociais para a classe trabalhadora e e suas famílias são “inqualificáveis”. Estima, por exemplo, que a o sector informal viu a sua actividade paralisada em cerca de 90%.
No entender dos “patrões “, devido à publicidade que se tem feito dos tumultos a nível internacional, os turistas que escolheram Moçambique para passar a quadra-festiva do Natal e réveillon poderão cancelar.
“Isto colocará em causa a perspectiva de chegada dos 360 mil turistas nesta quadra-festiva e possíveis perdas de receitas retidas em cerca de 50 milhões de dólares”, disse Vuma.
A CTA sublinha que esses episódios acontecem numa altura em que a agência de rating Standard & Poors baixou o rating de endividamento de Moçambique, o que poderá contribuir para o aumento do custo do dinheiro para o país no mercado nacional e internacional.
O agravante é que estão marcadas novas manifestações para esta Quinta-feira e depois de amanhã (Sexta-feira) que visam repudiar não só os assassinatos e os resultados eleitorais, mas também os raptos e outros problemas que afectam Moçambique, como o terrorismo no norte do país.
Mesmo assim, a CTA reconhece que a manifestação é um direito constitucional que, no entender da classe empresarial, só deve ser alternativa quando não houver mais condições para negociações. Por isso, os empresários dizem “não à greve”.
De acordo com os dados das eleições gerais até aqui anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frelimo e o seu candidato presidencial, Daniel Chapo, são os vencedores das eleições gerais. Posições que são reivindicadas pelo partido PODEMOS e o seu candidato presidencial Venâncio Mondlane, que ocupam a segunda posição, mas dizem ser os justos vencedores do escrutínio.
Diante das contestações, a CNE, cumprindo com a legislação eleitoral, tem até hoje, Quinta-feira, para divulgar os resultados de nível nacional das últimas eleições de 9 de Outubro. Para já, sabe-se que os resultados serão divulgados às 15h00 de Maputo, capital do país.
*Rodrigo Oliveira