O malparado da banca angolana atingiu, em Agosto, o valor mais alto desde o início do ano, ao fixar-se nos 20,22%, correspondentes a 979,9 mil milhões de Kwanzas do total da carteira de empréstimos concedidos pelos bancos comerciais, de acordo com cálculos da Forbes África Lusófona, com base nos indicadores de solidez financeira do sector bancário do país.
O stock de crédito concedido pela banca até Agosto situou-se nos 4,8 biliões de Kwanzas. Contas feitas, 20,22% desse valor, os 979,9 mil milhões de Kwanzas, correspondia a crédito de cobrança duvidosa.
O crédito malparado é o valor que fica em falta na liquidação de um empréstimo que não foi pago até ao fim. Ou seja, é todo o valor de créditos concedidos por bancos ou entidades financeiras a particulares ou empresas e que estão em situação irregular, por não pagamento, num prazo que ultrapassa os 90 dias da data acordada.
Os indicadores de solidez financeira do sector bancário do país, compilados pelo Banco Nacional de Angola (BNA), anexam explicações sobre as razões da subida do volume de crédito irregular na banca angolana, nem as origens por bancos, mas analistas do sector apontam o ” o actual contexto económico” de crise iniciado em 2014, agora agravado com a pandemia.
Aliás, responsáveis de crédito e da tesouraria de três bancos comerciais não descartam que o atraso nas amortizações do crédito por parte das empresas e particulares, assim como a actual conjuntura económica, estejam na base da subida do malparado.
Para os analistas, o facto de Angola estar a caminhar para o sexto ano de recessão económica explica a situação o aumento do malparado, além do aumento da taxa de inflação, o que tem diminuído o poder aquisitivo ou financeiro das empresas e famílias.
Quando em Junho e Julho as estatísticas mostravam que o volume de malparado estivesse a cair, em Agosto deste ano, as contas ‘saíram do controlo’, com o malparado a atingir a maior marca desde o início de 2021, ao atingir 20,22% do total dos empréstimos bancários.
Em Janeiro deste ano, o nível de crédito em situação irregular era de 17,90%. Em Fevereiro, esse indicador cai ligeiramente e fixa-se nos 17,70%, o que foi jusiticado com o processo de venda dos activos do Banco de Poupança e Crédito (BPC) à Recredit, entidade criada para gerir activos tóxicos daquele banco público.
Já em Março, assistia-se a uma aumento de 2,3pontos percentuais no volume de malparado da banca do país. Isto porque o volume de malparado saiu dos 17,70%, em Fevereiro, para os expressivos 20,00% em Março deste ano.
Numa espécie de ‘monta russa’, o malparado volta a baixar e fixa-se nos 17,76% em Abril. Analistas justificaram também com o processo de venda do malparado do banco liderado por António André Lopes à Recredit.
Até Maio, a tendência foi sempre de queda, com 17,70%, seguindo os níveis de Junho, Julho e Agosto, 18,51%, 18,49% e 20,22%, respectivamente.