O presidente francês, Emmanuel Macron, já se encontra em Angola para a sua primeira visita oficial ao país, que dura menos de 24 horas, devendo assinar nesta Sexta-feira um acordo para desenvolver o sector agrícola, apurou a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA.
A visita de Emmanuel Macron, que desembarcou em Luanda nas primeiras horas de hoje, 03 de Março, enquadra-se na estratégia do seu país de estabelecer uma relação com o continente berço e uma nova política francesa para África, baseada em parcerias que privilegiem o respeito mútuo.
O presidente francês viajou com investidores e fornecedores de soluções para agricultura e transformação agro-alimentar ao nível da produção local, que vão priorizar os produtos como lavouras [soja, milho, trigo], frutas e hortaliças, pecuária (bovinos e aves), lacticínios e carnes.
Integram ainda a agenda do estadista francês, temas relacionados com os transportes, infra-estruturas, energia e água, produção de energia e ligação à rede, saneamento, rega, telecomunicações e tecnologias de informação e ainda saúde.
Macron inicia a sua jornada na manhã de hoje, com uma visita ao museu da Moeda, na marginal de Luanda, e, de seguida, procede ao encerramento do Fórum Empresarial França-Angola, com empresários dos dois países que já estabeleceram uma parceria no sector agro-alimentar.
Antes de deixar Luanda, o Presidente francês desloca-se ao Palácio Presidencial da Cidade Alta para um encontro com o seu homólogo angolano, João Lourenço. Entre outros actos, segundo uma nota citada pela Angop, os Chefes de Estado de Angola e da França vão prestar declarações à imprensa.
Emmanuel Macron deve deixar Luanda a meio da tarde desta Sexta-feira, seguindo viagem para a República Democrática do Congo (RDC), antiga colónia belga e o maior país francófono do mundo.
Esta é a 18ª viagem de Emmanuel Macron, desde o início de seu primeiro mandato de cinco anos, ao continente africano, onde a influência e a presença francesa são cada vez mais questionadas.
Antes de chegar a Angola, o Presidente francês esteve no Gabão, numa visita de quatro dias a alguns países africanos.
Investimentos franceses em Angola ultrapassam os 7 mil milhões de euros

França mantém relações diplomáticas com Angola desde a sua independência, tendo a cooperação bilateral sido lançada através de um acordo assinado em 1982.
Segundo uma nota da Embaixada de França, este país é o segundo maior investidor estrangeiro, depois dos Estados Unidos, devido aos investimentos feitos pela Total Energies, e um dos principais empregadores privados do país.
A multinacional petrolífera Total e a Castel, fabricante de cerveja Cuca, são algumas das maiores empresas presentes no país africano. No global, os investimentos franceses em Angola estão estimados em 7,6 mil milhões de euros.
Actualmente, de acordo com dados da Embaixada francesa, existem 60 filiais francesas e 45 empresas criadas por franceses em Angola, empregando cerca de 10 mil pessoas. Em 2022, acrescenta, o operador Business France acompanhou 80 pequenas e médias empresas e empresas de média dimensão no mercado angolano.
Por outro lado, a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) apoia Angola nos seus esforços para diversificar a sua economia. Neste sentido, a AFD trabalha com “parceiros-chave” angolanos e com o governo angolano para promover o acesso à água e à energia, desenvolver o sector agrícola, apoiar a inovação, o empreendedorismo e a investigação, bem como acompanhar as reformas macroeconómicas.
Como principal doador bilateral, a Agência Francesa de Desenvolvimento financiou em Angola, desde 2018, um total de 11 projectos. A instituição concedeu no país 806 milhões de euros, em empréstimos e subvenções.
O documento da Embaixada de França em Angola, a que a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA teve acesso, avança ainda que os compromissos da AFD no país aumentaram de 219 milhões de euros, em 2018, para 806 milhões de euros até ao final de 2022.
*Com Luzia dos Santos