A crise pandémica da Covid-19 que o país enfrenta fez com que a Macon – empresa líder de transporte público rodoviário – registasse prejuízos de aproximadamente 17 mil milhões de kwanzas, segundo revelou em exclusivo à FORBES o seu director-geral, Luís Máquina.
Com as medidas decretadas pelas autoridades para conter a propagação do novo coronavírus, que no caso dos transportes públicos de passageiros se consubstanciam num limite actual de lotação de 75% da capacidade dos autocarros e a suspensão do serviço interprovincial nas ligações de Luanda com as restantes províncias do país, o nível de arrecadação de receitas da Macon “baixou significativamente”.
“Comparando com os mesmos períodos de 2019, em Abril do ano passado tivemos perdas de cerca de 73%, em Maio 72%, Junho 56%, Julho 63%, Agosto 61%, Setembro 51%, Outubro 50% e Novembro 53%”, detalha o CEO da Macon.
Está situação, avança Luís Máquina, obrigou a empresa a rescindir, em 2020, o vínculo contratual que mantinha com cerca de 10 expatriados, no quadro de uma estratégia de gestão de crise em curso, que passa pela redução das despesas. “Sabemos que o custo com a mão-de-obra estrangeira é muito alto. Por isso, como precisávamos de reduzir despesas, tivemos que rescindir os contratos com cerca de dez expatriados”, justifica.
A FORBES apurou que esta decisão custou à Macon pouco mais de 100 milhões de kwanzas em indemnizações, não incluídos nos cerca de 16,9 mil milhões de kwanzas de prejuízos calculados até Dezembro do ano passado. “Como foi por iniciativa da empresa, tivemos que os indemnizar a todos. Fomos forçados a reajustar o nosso orçamento de acordo à nossa nova realidade de encaixe financeiro”, refere o gestor.
Neste âmbito, explica o homem forte da transportadora rodoviária, decidiu-se que o exercício maior que tinha de ser feito era a redução das despesas, o que foi possível colocando alguns colaboradores em casa para que se deixasse de pagar subsídios, reduzindo o pessoal de segurança nas diversas frentes, bem como suspendendo também os contratos com algumas empresas que prestavam serviço de limpeza às bases, “obviamente sem comprometer a qualidade dos serviços”.
A redução do pessoal em trabalho presencial, de acordo com o CEO, permitiu a poupança de cerca de 22 milhões de kwanzas por mês, no segundo semestre de 2020, só com a alimentação dos funcionários. “Se a empresa antes tinha um custo mensal com a alimentação na ordem dos 30 milhões de kwanzas, baixou-o para 8 milhões de kwanzas”, precisa.
Estas medidas, garante, resultaram num “ponto de equilíbrio” entre as receitas e as despesas, o que tem possibilitado uma certa geração de caixa.