Em entrevista recentemente à agência Lusa, o ministro da Cultura de Cabo Verde, Abraão Vicente, defendeu que “a Lusofonia não é apenas uma conversa sobre a língua portuguesa” e “encontros de chefes de Estado”, apelando que devia ser “um espaço pragmático” de cooperação económica.
O governante reforçou que “A Lusofonia deve ser uma conversa sobre a colaboração entre as instituições museológicas, de investigação e universitárias, sobre a cooperação mais aprofundada a nível económico”, afirmou.
Na quarta-feira, 28 de Outubro, também em declarações à Lusa no início do Festival Literário Escritaria, em Portugal, que está, por estes dias, a homenagear o escritor cabo-verdiano Germano Almeida, prémio Camões em 2018, disse que “a Lusofonia existe”, mas assinalou que “a CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] e todas as instituições ligadas a essa tal lusofonia têm que ser concretizadas em políticas que os cidadãos consigam vivenciar”, nomeadamente, no domínio cultural, na “capacidade de circulação dos criativos, dos autores e das suas obras”.
Abraão Vicente recordou que durante a presidência da CPLP, que terminou no ano passado, o seu ministério propôs a criação de “um mercado da cultura, artes e indústrias criativas”.
À Lusa, explicou que essa ideia tem como propósito “criar uma plataforma comum, onde as obras pudessem circular, mas também os autores terem acesso ao espaço lusófono”. “Enquanto um moçambicano, um angolano ou um cabo-verdiano tiver dificuldades em ter um visto para entrar em Portugal ou no Brasil temos um problema com a Lusofonia”, apontou.
Para o ministro, “a Lusofonia não existirá enquanto for apenas encontros de chefes de Estado e de governantes. É preciso que os cidadãos consigam sentir as vantagens de termos um território de milhões de habitantes”, reforçou, concluindo: “Cabo Verde, como pequeno território de 500 mil habitantes, tem todo o interesse que essa lusofonia também se transforme num espaço económico, num espaço de negócios e onde os cidadãos possam escolher livremente qualquer um dos territórios para viver e para fazer as suas actividades”.
Em Penafiel, o governante cabo-verdiano participou na conferência “O papel da Lusofonia | À conversa com Germano Almeida e Abraão Vicente”, além de outras iniciativas incluídas na programação oficial do festival que terminou no dia 31 de Novembro.