O Banco de Fomento Angola (BFA) registou lucros de 156,5 mil milhões de kwanzas, em 2021, um salto de 74,2% face a 2020, num ano marcado pelos efeitos ‘devastadores’ da pandemia da Covid-19 a nível mundial, e em particular em Angola, de acordo um documento de “apresentação de contas”, enviado à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA pela referida instituição.
A contribuir para os lucros do banco esteve, segundo o documento, o resultado da “excelência e esforço” dos profissionais do BFA em tempo de crise, que fizeram as margens financeiras aumentarem, como resultado da actividade diária do banco.
Na prática, a margem financeira do Banco de Fomento Angola atingiu um total de 199,4 mil milhões de kwanzas, o que se traduziu num crescimento de 6,8% face ao período homólogo. A variação positiva da margem resultou essencialmente do aumento dos juros e rendimentos similares, ou seja, proveitos de crédito em 23,2% e dos proveitos de títulos 8,5%.
Em contrapartida, o produto bancário registou uma diminuição de 12%, que foi consequência da redução em 52% da margem complementar, na qual se destaca uma diminuição nos resultados cambiais de 67% e em outros proveitos líquidos de 69,8%.
Segundo a nota, o aumento do resultado líquido em 66,6 mil milhões de kwanzas teve um impacto positivo na evolução dos principais indicadores de rentabilidade do banco, nomeadamente no ROA (Retorno sobre Activos), que registou uma variação de +2,1 pontos percentuais, ano a ano, totalizando 5,7%.
“O desempenho financeiro do banco é resultado da excelência e esforço do nosso mais valioso activo, os nossos colaboradores, que abraçaram ao longo do ano inúmeros desafios que permitiram ao BFA o cumprimento da sua missão junto dos seus clientes e restantes stakeholders, avança o banco.
No documento enviado à FORBES, Luís Gonçalves, CEO do BFA, refere que os “bons resultados” registados em 2021, tanto no plano operacional como financeiro, evidenciam mais uma vez a ambição da instituição em “ser o banco de todos os angolanos”, bem como em manter a sua liderança e referência no sector financeiro nacional”.
Ainda na nota, a instituição avança que, em 2021, a apreciação do kwanza em cerca de 17,1%, face ao dólar, e em 26,7%, face aos euros. Isto, explica o banco, em termos acumulados, teve impacto negativo nos saldos indexados ou denominados em moeda estrangeira das principais rubricas do balanço. A título de exemplo, o BFA aponta que, embora o activo total tenha ascendido a 2.632,3 mil milhões de kwanzas, representa um recuo na ordem dos 8,4%, quando comparado com os 2.874,9 mil milhões de kwanzas registados no ano passado.
Solidez e robustez financeira
Por sua vez, as contas do BFA a que a FORBES teve acesso, mostram que os recursos de clientes tiveram uma variação negativa de 11%, movimento inverso do crédito a clientes que registaram uma variação positiva de 5,9%, tendo se fixado em 2.005,3 mil milhões kwnazas e 352,9 mil milhões de kwanzas, respectivamente.
Já o rácio de transformação em moeda nacional foi de 38,6%, “o que traduz o compromisso do BFA em continuar a servir de catalisador do dinamismo da economia nacional”, apesar do contexto macroeconómico adverso.
Segundo o banco, na prática, no ano de 2021 concedeu mais crédito à economia, o que considera ser “crédito de qualidade”, graças à aquilo que designa de “gestão criteriosa do risco que tem sido adoptada ao longo dos últimos anos”.
Já o rácio de crédito malparado fixou-se nos 3,6%, muito abaixo da média do sistema financeiro angolano (20,26 %).
Por sua vez, os capitais próprios diminuíram 15,2% face a 2020, traduzindo-se num valor total de 422,1 mil milhões de kwanzas, variação negativa justificada com a redução de 36,3% das reservas e resultados transitados de exercícios anteriores.
“Não obstante, os níveis de capital mantiveram-se muito acima da média do sistema financeiro e limites regulamentares, o que reforçou a solidez e robustez do balanço do BFA”, concluí o documento.