A Madz Global, corretora de valores mobiliários com capital 100% angolano, fechou o ano de 2024 com um volume de negócios de 96 mil milhões de kwanzas, tendo registado lucros brutos de quase 500 milhões de kwanzas, revelou em entrevista exclusiva à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, o seu administrador-executivo, Paulo Correia Victor.
Os lucros alcançados, justifica o responsável, deveu-se ao aumento do volume de negociação, montante de instrumentos financeiros em custódia e às quantidades de carteiras custodiadas.
“Até ao final de 2024, chegamos de abrir 190 contas custódias. Nós traçamos uma meta para superarmos o volume de negócios alcançado em 2023 na ordem dos 25%. Na verdade, superamos a nossa meta, sendo que superamos em 45%”, garantiu.
Há dez anos a operar no mercado angolano, Paulo Correia Victor admitiu que, em 2024, a Madz Global ainda enfrentou desafios e grandes constrangimentos, ligados à falta de literacia financeira por parte dos investidores.
“Ainda sentimos desafios no âmbito do contrato de liquidação financeira, ou seja, a parceria com instituições financeiras bancárias, a fim de liquidar os negócios dos agentes de intermediação financeira, as sociedades corretoras de valores mobiliários e as sociedades distribuidoras de valores mobiliários”, apontou.
A título de exemplo, o responsável por garantir as operações comerciais e desenvolvimento de negócios da empresa disse que dos 22 bancos existentes no mercado, até ao momento, a Madz Global tem apenas acordo de parceria para liquidar os negócios dos seus clientes com dez.
“Portanto, ainda nos está a faltar 12 bancos para firmarmos contratos de liquidação financeira. Esse também é um dos desafios ou dificuldades que nós temos estado a sentir no mercado. Esperamos que os bancos se abram mais para o mercado de capitais, no sentido de criar condições para os agentes de intermediação financeira, no mercado de valores mobiliários”, augurou.
Olhando para o futuro, Paulo Correia Victor avançou que este ano a empresa pretende investir na inovação digital, melhorando as plataformas de negociação com a criação de um aplicativo, o home broker, com vista a facilitar a dinâmica dos investidores, a julgar pelas reclamações apresentadas.
“Também pretendemos fidelizar cada vez mais os nossos clientes, pois queremos oferecer um suporte multicanal e consultoria de investimento personalizado. Vamos investir igualmente em marketing e branding para fortalecer mais a nossa marca, assim como na capacitação dos nossos colaboradores. Portanto, a capacitação do nosso capital humano é primordial para podermos então atender e dar soluções às necessidades dos nossos clientes”, explicou.
Quanto à internacionalização da Madz Global, o seu administrador-executivo adiantou que, nesta altura, a empresa tem parcerias com algumas instituições congéneres. “Firmamos com algumas empresas a nível de Portugal e Brasil. Como disse, o mercado angolano ainda é novo, estamos a dez anos. Precisamos nos afirmar mais aqui no mercado local”, sinalizou.
Panorama do mercado de capitais angolano
Paulo Correia Victor caracteriza o mercado de capitais em Angola como um sector de “grande importância” no desenvolvimento do país, porque, como diz, permite estimular a poupança e o investimento produtivo, que é essencial para o crescimento de qualquer sociedade económica.
“O mercado de capitais desempenha um papel vital na nossa economia, conectando investidores às empresas e ao Governo, em busca de financiamento. Portanto, a bolsa de valores está a oferecer um ambiente de negociação e a garantir a liquidez necessária para um mercado eficiente”, considera.
Neste contexto, o administrador-executivo da Madz Global ressalta que Angola tem um mercado de capitais em ascensão, justificando que desde a sua criação até à data, houve uma subida substancial no volume de negócio, aumento de instrumentos financeiros e muitas aberturas de contas custódias.
“Houve também todo um esforço na sua promoção pelo regulador, a Comissão do Mercado de Capitais (CMC), pelo gestor de mercado, a Bolsa de Dívida e Valores de Angola (Bodiva), bem como pelos agentes de intermediação financeira”, acrescentou.
Ligação à Barra do Dande
No início de Janeiro deste ano, a Madz Global assinou um contrato com a Zona Franca de Desenvolvimento Integrado da Barra do Dande (ZFDIBD), comercialmente denominada Dande Free Zone, que tem como propósito a prestação de serviço de assessória financeira, no âmbito do processo de angariação de financiamento ou investimento, “única e exclusivamente para a construção de infra-estruturas básicas internas” da primeira fase da Zona Franca de Desenvolvimento Integrado da Barra do Dande.
No quadro do referido acordo, a corretora terá a missão de recomendar investidores nacionais e estrangeiros, bem como sugerir investimentos e parceiros estratégicos adequados ao perfil e objectivo do projecto.
“Vamos fazer consultoria para captação de recursos, auxiliar na emissão de títulos e outros instrumentos do mercado de capitais para captação de recursos onde pode se oferecer suporte na estruturação e colocação desses activos no mercado, assim como vamos avaliar e fazer a gestão de risco, portanto, assessorar na identificação e mitigação de riscos associados ao investimento, como a variação cambial, a volatilidade do mercado e riscos económicos globais. Vamos apoiar ainda na identificação de soluções de financiamento ou investimentos, assim como a negociação e selecção das identidades financeiras”, detalhou.