Vários especialistas do sector petrolífero africano estarão reunidos, de 16 a 19 de Maio deste ano, na capital angolana, Luanda, para debaterem o futuro do sector petrolífero mundial, com enfoque no caso da invasão russa à Ucrânia e as implicações sobre o fornecimento de gás e petróleo russo, naquele que será o 8º Congresso e Exposição de Petróleo de África.
Uma nota de imprensa enviada à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA anuncia que o evento centrar-se-á na abordagem do tema “Transição Energética: Desafios e Oportunidades na Indústria Africana de Petróleo e Gás”, devendo reunir especialistas das indústrias de energia, petróleo e gás nacional, regional e internacional, para deliberar sobre os desafios e oportunidades da transição energética e o futuro da indústria de petróleo e gás em África.
Entre as altas figuras da indústria petrolífera africana esperadas no certame promovido pela Organização Africana dos Produtores de Petróleo (OAPP), pelo Governo de Angola (pela primeira vez) e pela AME Trade Ltd., está o ministro angolano dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Pedro Azevedo, e Mahamane Sani Mahamadou Issoufou, ministro do Petróleo, Energia e Energia Renováveis da República do Níger.
Deverão participar ainda ao certame o ministro dos Recursos Minerais e Energia, da África do Sul, Samson Gwede Mantashe, o ministro da Energia do Gana, Matthew Opoku Prempeh, o ministro das Minas, Petróleo e Energia da Costa do Marfim, H.E. Thomas Camara, o secretário-geral da OAPP, Omar Farouk Ibrahim e a senhora Cany Jobe, directora de Exploração e Produção de Corporação Nacional do Petróleo da Gâmbia, que se apresentarão como palestrantes.
Também designado CAPE VIII, durante três dias, o congresso manifestar-se-á ainda contra a recessão da pandemia global, que “exacerbou” quebras recordes de produção nos países africanos produtores de hidrocarbonetos, de 2020 a 2021.
“O annus horribilis foi agravado pelo sub-investimento em actividades de exploração, deixando vários dos maiores intervenientes de energia do continente lutando para lidar com o aumento na demanda por hidrocarbonetos pós-bloqueio. Felizmente, a ambição da OAPP em definir o continente como um centro de energia recuperou um balanço significativo com uma perspectiva fantástica de desenvolvimento a montante para 2022 e anos seguintes”, escrevem os organizadores no comunicado enviado à FORBES.
O CAPE VIII é patrocinado pelos principais intervenientes da indústria de petróleo e gás do continente, designadamente a Sonangol, Total Energies, Exxonmobil, Chevron, Equinor, Trafigura, Somoil, Brimont e Shearwater.
Em nota introdutória, os promotores do evento defende que “desbloquear o potencial de petróleo e gás de África é agora imperativo contra o cenário de guerra na Ucrânia e a resultante crise de fornecimento de petróleo, gasóleo e gás”.
Para os especialistas, tornou-se insustentável a dependência europeia da energia russa, criando uma grande oportunidade para África se posicionar como uma opção crucial para aumentar o fornecimento aos mercados globais de energia.
No entanto, apontam, permanecem desafios significativos para os produtores de hidrocarbonetos do continente em aumentarem repentinamente a sua produção, devido a déficits de infra-estruturas, finanças e tecnologia.
Países com grandes recursos de GNL, como a Nigéria, Angola, Líbia e Argélia, sustenta a nota dos organizadores, sofrem com redes limitadas e insuficientes de gasodutos, refinarias, molhes, terminais e portos. Além disso, acrescentam, o incentivo ao investimento estrangeiro é muitas vezes problematizado por uma série de factores de risco, incluindo instabilidade política, questões de insegurança local e instituições financeiras que transferem investimentos dos combustíveis fósseis para os renováveis.
“Finalmente, garantir a tecnologia mais recente para facilitar o desenvolvimento de conteúdo local provou ter um custo proibitivo, dada a dependência na propriedade intelectual estrangeira e a contínua fuga de cérebros do capital humano local”, lê-se no documento.
Todos os tópicos acima serão debatidos e terão repostas, segundo a organização, no 8º Congresso e Exposição de Petróleo. Os promotores consideram que o evento será a plataforma ideal para os principais produtores de petróleo e gás de África enfrentarem os desafios anteriores e gerarem soluções para maximizar os seus recursos em petróleo e gás.
No comunicado de imprensa referem ainda que, em simultâneo e com o impulso das economias desenvolvidas em direcção à descarbonização e a políticas net-zero, as partes interessadas em energia terão a oportunidade de reforçar a questão das cadeias regionais integradas de suprimentos e reunir recursos para alavancar o poder catalítico dos hidrocarbonetos de uma maneira sustentável.
A organização diz não ter dúvidas de que o CAPE VIII apresentará “pontos de vista esclarecedores de uma série de ilustres palestrantes, que moldarão o futuro cenário da energia em África e outras regiões”, apoiado por inúmeras multinacionais em toda a cadeia de valor da energia e empresas petrolíferas nacionais.
Do painel de oradores estarão igualmente Edson R Dos Santosi, director executivo da SOMOIL; Ibrahim Mamane, director-geral da SONIDEP; Osam Iyahen, vice-presidente para Oil & Gas da Africa Finance Corporation; Bráulio de Brito, presidente da Associação das Empresas Contratadas da Indústria Petrolífera de Angola (AECIPA); Zakaria Dosso, director-geral da AEICORP; Matthieu Milandri, Chefe de Upstream Finance da Trafigura; Yann Pierre Albert Livulibutt Yangari, consultor Independente; Babafemi Oyewole, director executivo da Energy Synergy Partners; e Tim Dixon, director e gerente geral da IEA Greenhouse Gas R&D Programme.
Entre as companhias petrolíferas nacionais já confirmadas para o CAPE VIII estão a Sonangol (Angola), SNH (Camarões), SHT (Chade), Petroci (Costa do Marfim), SNPC (Congo), NNPC (Nigéria), GE Petrol e Sonagas, ambas da Guiné Equatorial.