O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Bubacar Turé, criticou o silêncio da comunidade internacional perante as “atrocidades” cometidas pelo regime político da Guiné-Bissau contra os cidadãos e as instituições do país. Em conferência de imprensa realizada na Casa dos Direitos, em Bissau, Turé expressou indignação, classificando a atitude da comunidade internacional como um “pacto de silêncio”.
Segundo a Lusa, a intervenção da Liga surge na sequência dos recentes acontecimentos na Assembleia Nacional Popular (ANP), onde Satu Camará, a 2.ª vice-presidente, se autoproclamou líder do parlamento. Segundo a Liga, esta ação constitui “mais um golpe de Estado” incidente pelo regime, a par do que aconteceu em novembro de 2023 com o Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
José Carlos Monteiro, dirigente do Movimento para a Alternância Democrática (Madem G-15), declarou que Camará substituiu o líder do parlamento, Domingos Simões Pereira, que foi destituído após alegadamente tentar “dar um golpe de Estado”. A destituição ocorreu após Pereira permitir que a Comissão Permanente do Parlamento discutisse a situação do STJ, em contrariedade com a posição do Presidente Umaro Sissoco Embaló.
Bubacar Turé sublinhou que o STJ, que também atua como Tribunal Constitucional, é essencial para a realização das eleições legislativas antecipadas de novembro. Criticou ainda a tomada do STJ pelo juiz Lima André, após o presidente eleito, José Pedro Sambu, ter sido solicitado a renunciar. Para Turé, o poder político utilizou “a força das armas” para controlar todos os órgãos de soberania do país.
A Liga pediu a intervenção do Ministério Público para investigar e levar à justiça José Carlos Monteiro e Satu Camará, acusando-os de usurpação de competências. Turé concluiu lamentando que a comunidade internacional tenha abandonado a Guiné-Bissau, deixando o povo guineense “entregue à sua própria espécie”.