Líderes de vários países, organizações e partidos políticos continuam a lamentar a morte do cardeal Alexandre do Nascimento, destacando o seu empenho, na qualidade de Presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) e de Arcebispo Metropolitano de Luanda.
Para o Presidente angolano, João Lourenço, o país perde um dos seus filhos mais insignes, um homem bom que consagrou grande parte da sua vida a transmitir aos seus, valores e princípios para uma vida em dignidade, perdão e de respeito ao próximo.
O chefe de Estado angolano refere também, na sua mensagem de condolências, que comunga da certeza de que “os feitos do servo da Igreja e da nação que hoje nos deixa serão perpetuados ao longo de gerações, como confirmação da grandeza do seu percurso e da nobreza da causa geral que defendeu ao longo da vida, a de disseminar o bem”.
João Lourenço transmitiu ainda em seu nome, da sua família e do Governo angolano os mais profundos sentimentos de pensar à Igreja Católica, à Igreja angolana e à família enlutada.
Por sua vez, o grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição angolana, descreve o cardeal como uma autoridade moral, patriota, negociador, medianeiro e conselheiro, pela enorme falta que vai fazer ao país e à família.
A UNITA destacou que a morte do Cardeal Alexandre do Nascimento acontece numa altura em que todas as mentes pensantes são chamadas a darem o melhor de si para salvar Angola da profunda crise de valores em que se encontra.
Segundo a UNITA, o Cardeal Alexandre do Nascimento marcou a história da Igreja Católica em Angola e não só, tendo, entre várias realizações, trabalhado para a recuperação dos bens da igreja na fase de transição do período do partido único – marcado por perseguição de fiéis e expropriação do património da igreja – para a democracia mulitipartidária.
“Com o seu empenho, na qualidade de Presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) e de Arcebispo Metropolitano de Luanda, foi devolvida a antiga Escola “Trabalho em Luta”, que voltou a ser o Seminário Maior de Luanda”, sublinha o documento.
O cardeal angolano Alexandre do Nascimento morreu no último Sábado, vítima de doença aos 99 anos, em Luanda.
O MPLA, partido no poder em Angola, assegura que não restam dúvidas que os angolanos perderam hoje, com a morte do cardeal Alexandre do Nascimento, “um intrépido defensor das suas nobres causas”.
Numa nota informativa, o Bureau Político do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) lamenta a morte, hoje aos 99 anos, “de um dos grandes filhos de Angola, Sua Eminência Dom Alexandre Cardeal do Nascimento, arcebispo emérito de Luanda”.
De acordo com o comunicado, a sua trajectória vocacional está associada à sua trajetória política de Angola sob domínio colonial, marcada pela luta de libertação nacional até à independência.
Quem também expressou uma profunda consternação pela morte do cardeal Alexandre do Nascimento é o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que evocou “com muita saudade”.
“O Presidente da República evoca, com muita saudade, o seu antigo Colega da Faculdade de Direito, notável personalidade angolana e figura da Igreja Católica, o Cardeal D. Alexandre Nascimento, que nos deixou depois de uma intensíssima vida de quase um século, teólogo, filósofo e humanista”, refere Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota publicada na página na Internet da Presidência da República.
O Presidente português expressou os seus “profundos sentimentos à sua família, à Igreja angolana e a Angola”.
Já o secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), Vitor Ramalho, expressou à igreja angolana os pêsames pela morte, no sábado, do cardeal Alexandre do Nascimento, recordando-o como “um combatente” por Angola e pelo seu povo.
Na missiva dirigida ao presidente da Conferência Episcopal de Angola, Vitor Ramalho indica que foi delegado de curso da Faculdade de Direito de Lisboa, que Alexandre do Nascimento frequentou “com assinalável êxito” enquanto padre, no período de 1965-1970.
E recorda que o regime político anterior a 25 de Abril fixou a Alexandre do Nascimento residência permanente em Portugal, uma “sanção” aplicada pelas atividades anticolonialistas que desenvolveu pela independência de Angola”.
“Colega sempre solidário para com todos na Faculdade de Direito, foi uma referência, tornando-nos pessoalmente amigos próximos, também nos anseios à reconquista da liberdade”, acrescentou Vitor Ramalho, que evoca este período histórico no livro “As minhas Causas”.
“Pelo seu combate por Angola e pelo seu povo, pelo inestimável contributo que prestou à igreja católica e, em particular, à angolana”, o secretário-geral da UCCLA transmitiu os seus “mais sentidos pêsames”, em nome da instituição que dirige, mas também a título pessoal e pelos colegas do curso de Direito (1965-1970), que Vítor Ramalho e o cardeal Alexandre do Nascimento frequentaram.
Alexandre do Nascimento, único cardeal angolano, nasceu em 01 de Março de 1925 em Malanje e foi um dos mais destacados líderes da Igreja Católica em Angola. Foi ordenado padre em 1952 e elevado a bispo em 10 de Agosto de 1975.
Alexandre do Nascimento foi ordenado cardeal pelo Papa João Paulo II em 1983 e era o mais idoso membro do Colégio dos Cardeais. Licenciado em Teologia, o cardeal angolano, que era arcebispo emérito de Luanda, participou dos conclaves de eleição do Papa Bento XVI (em 2005) e de eleição do Papa Francisco (em 2013), mas não tinha direito ao voto devido à idade