A Empresa Interbancária de Serviços (EMIS) nega que as enchentes que se registam, há duas semanas, nos ATM’s estejam relacionadas com avarias ou falha na rede de Multicaixa e aponta o levantamento de salários e pensões, pagos geralmente na última semana do mês, como a causa do problema.
De acordo com o seu administrador-executivo, Joaquim Caniço, o pagamento de salário e das pensões de reformas acabam por pressionar o dinheiro disponível nos ATM’s, já que são pagos ao mesmo tempo e na parte final de cada mês, além do facto de que alguns bancos estarem a descontinuar parte dos seus ATM’s.
A tudo isto, Joaquim Caniço somou ainda o a problema de logística e reabastecimento regular nas poucas máquinas disponíveis. “Dos registos que temos, não constam anomalias no funcionamento da rede Multicaixa. Trata-se de uma questão de logística que deve ser dirigida aos bancos ou a ABANC – Associação Angolana de Bancos, ou até mesmo ao BNA”, remata o também porta-voz da EMIS.
Caniço lembrou que a EMIS, enquanto gestora da rede Multicaixa, tem a responsabilidade pelo seu bom funcionamento e segurança, sendo que o carregamento de notas e papel para os recibos compete aos bancos, “não obstante haver protocolos de monitoramento entre estes e a EMIS, no sentido de conhecer-se e informar o estado de disponibilidade de cada caixa automática, num determinado momento”.
Por sua vez, fonte da administração dos bancos de Fomento Angola (BFA) e do Angolano de Investimento (BAI) descartam a teoria da falta de liquidez no sistema como a causa das enchentes, pelo que justificam as irregularidades com a “falta de cultura de utilização dos serviços electronicos”.
As enchentes nos ATM’s têm sido recorrente normalmente na fase final de cada ano, precisamente na época de Natal e de Ano Novo. Desta vez, os bancos foram surpreendidos com clientes a acorrem aos também designados multicaixa, com filas intermináveis. Até à tarde desta terça-feira, 6 de Julho, persistiam, em vários pontos de Luanda, as enchentes nos ATM’s.
Como forma de colocar travão às recorrentes enchentes nos ATM’s, o Banco Nacional de Angola (BNA) fez sair, no final de 2020, um instrutivo que alterava o limite diário de levantamento e de transferências de dinheiro. Assim, desde Janeiro deste ano, os clientes bancários já podem fazer levantamento de até um máximo de 60 mil kwanzas por dia nos multicaixas, 10 mil kwanzas acima do que era permitido em 2020.
Expressa no instrutivo nº19/2020, de 9 de Dezembro, a medida também determinou que, para o valor diário de compras em Terminais de Pagamento Automático (TPA), os clientes bancários têm até um limite máximo de 6 milhões de kwanzas por cartão de crédito, enquanto para as transferências monetárias com o uso do multicaixa foi estabelecido o limite de 5 milhões de kwanzas.
Estas alterações nas políticas de transacções na rede multicaixa não reduziram os problemas com as enchentes e longas filas. Segundo uma fonte da teouraria de um grande [banco] angolano, o problema está na educação e financeira das pessoas, além de reconhecer que os bancos também precisam melhorar o sistema de reabastecimento dos ATM’s.