Confinadas em casa, sem poder se deslocar por conta do estado de emergência decretado em Março de 2020 pelo Presidente da República, no quadro das medidas para conter a propagação do novo coronavírus, Raquel Paixão e Diandra Vaal Neto, decidiram criar o Bazara Shopping, um projecto online ligado à moda, com o propósito de agregar marcas nacionais e internacionais.
O projecto foi concebido em 2020, mas apenas lançado em finais de Fevereiro do ano em curso. O Bazara, primeiro shopping angolano online exclusivamente ligado à moda, surge com o objectivo de congregar, num único e interativo sítio, centenas de marcas nacionais e internacionais, apresentando-se como mais uma opção à disposição das pessoas para realizarem compras sem terem de sair de casa.
“Temos um nicho de mercado a atingir e estamos focados no sector da moda, roupas, acessórios e joias. A nossa ambição é nos tornarmos no maior Marketplace de moda de Angola”, indicou à FORBES Raquel Paixão, co-fundadora e CEO da plataforma, durante a cerimónia de lançamento.
Com o Bazara, explica a empreendedora de nacionalidade portuguesa, “as muitas marcas vão puder ter o negócio num sítio que lhes permitirá reduzir os custos com arrendamentos de espaços físicos”. Além disso, explica Raquel Paixão, na plataforma os produtos não estarão misturados, “porque cada loja terá um cantinho dentro do shopping”, em que a gestão poderá ser feita remotamente. “Somos uma loja de curadoria, em que escolhemos as peças que vão estar dentro da Bazara. Está é uma das mais-valias”, aponta.
A FORBES apurou que, nesta primeira fase, 33 lojistas integram, por convite, a plataforma e que estão criadas as condições para que outros interessadas possam entrar.
Um milhão de utilizadores em 3 anos
Dados disponíveis dão conta que Angola possui cerca de 13 milhões de utilizadores de telemóveis, dos quais 4 milhões usam a internet. Diandra Vaal Neto, directora de estratégia da Bazara, conta à FORBES que a plataforma pretende utilizar estes dados para atingir, em três anos, a marca de um milhão de utilizadores activos.
“Com a pandemia fomos todos obrigados a nos reinventar, e o e-commerce é uma realidade em todo o mundo. Somos uma start-up que surge para revolucionar o sector da moda e da tecnologia, bem como para contribuir para a transformação digital de ambos sectores no nosso país’’, frisa.
A empreendedora angolana, avança que a Bazara tem o foco no cliente, apostando na estratégia use experience. “O cliente é que vai ditar um pouco quais são a actualizações, as novas marcas e as tendências que vamos colocar no site. Por isso é que precisávamos de lançar para testar o mercado, uma vez que queremos evoluir. É a inteligência artificial agregado ao nosso site”, diz Diandra.
A estratégia, acrescenta, passa também muito pelo modelo Driven, no sentido de os utilizadores perceberem o que as marcas pretendem transmitir, “daí termos trabalhado todos os detalhes durante um ano”. A empreendedora diz acreditar que, ao longo dos próximos três meses, possam vir a congregar 100 marcas na plataforma.
A estratega da Bazara revela que a parceria com as marcas já presentes e com as que aderirão ao shopping consiste em ganharem comissões, cuja margem não revela. “Nós ganhamos uma comissão com as entregas que fazemos”.
O Bazara, argumenta Diandra Vaal Neto, “é uma oportunidade para qualquer pessoa que tenha, por exemplo, uma pequena página no Instagram, que venda roupas usadas, roupas que trás de fora ou que venda outro artigo, sair do Instagram e profissionalizar a sua loja”.
Abertura com 11 marcas internacionais
Das 33 marcas que a plataforma já integra, 11 são internacionais. Entre as marcas presentes no site estão a Portofino, Inglot, Acamba, Oluchi, Malumi e tantas outras. O grupo TBA, que detém as marcas SportZone, Chicco, Women Secret, Cortefiel, Springfield, Betrend, Parfois, Zippy e Swatch, foi o primeiro a aceitar o convite da Bazara.
Hugo Reis, coordenador de marcas do grupo TBA, considerou em entrevista à FORBES o Bazara como “uma ideia fantástica, por ser a pioneira neste segmento”, acrescentando ser este “o caminho ideal” para o mercado angolano, tal como acontece em outras partes. “Por isso, aceitamos nos associar a ele [Bazara Shopping] logo à partida”, justifica.
Para o gestor, o mercado angolano já está maduro para este tipo de iniciativas. Com a adesão ao marketplace de moda, a expectativa do TBA é de aumentar o volume de vendas em Angola e até chegar a clientes que não chegariam por si mesmo. “Portanto, é comodo para o cliente poder comprar suas marcas preferidas sem sair de casa ou do país”, remata Hugo Reis.