A consultora BMI, do grupo Fitch Solutions, considerou que uma “desvalorização inesperadamente grande” do kwanza, uma queda dos preços do petróleo ou atrasos nas reformas são os principais riscos para a economia angolana.
“Os principais riscos são os preços do petróleo caírem abaixo das previsões, o que colocaria uma pressão adicional na taxa de câmbio oficial, fazendo subir a inflação, uma excessiva depreciação da moeda, o que aumentaria os custos da dívida externa, colocando em risco a sustentabilidade da dívida, e atrasos nas principais reformas, que colocariam em perigo o crescimento económico e a estabilidade política a longo prazo”, escrevem os analistas.
Numa nota sobre as principais previsões para Angola, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, esta consultora do grupo que detém a Fitch Ratings prevê ainda que a moeda angolana se desvalorize ao ponto de serem precisos 997 kwanzas por dólar, este ano, e 1.007 no próximo ano.
O comentário surge poucos dias depois da revisão da perspectiva de crescimento, com os analistas da BMI a preverem agora uma recessão económica em Angola este ano, com uma queda de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB).
“Prevemos que o PIB real vá contrair-se 0,7% em 2023, depois de uma expansão de 3,1% em 2022, o que é uma revisão em baixa face à nossa anterior previsão de 1,8%”, lê-se na nota enviada esta semana aos investidores.
Na revisão das perspetivas de evolução da economia de Angola, os analistas explicam que “esta revisão reflete largamente o impacto da forte desvalorização do kwanza em Junho”, e acrescentam que “o aumento da inflação vai impactar no consumo das famílias e no investimento das empresas, o que coloca ainda mais pressão descendente na actividade económica do sector petrolífero”.
Olhando para 2024, a previsão da BMI aponta para um regresso a um crescimento de 0,6% “devido à ligeira recuperação dos preços do petróleo, que vão subir 2,4% para 83 dólares por barril, e ao abrandamento da queda da produção interna”, para 1,7%.