Desde as ruas de Luanda, em Angola, até aos palcos europeus, a jornada musical de Klaudio Hoshai é uma história de autodescoberta, influências culturais e um compromisso inabalável com a sua arte.
Em entrevista à Forbes África Lusófona, Klaudio Hoshai revela como deu os primeiros passos, desde o freestyle nas ruas de Luanda até às imitações de Andrea Bocelli no concurso Estrelas ao Palco. O artista mergulhou de cabeça no mundo da música quando foi convidado para integrar o coro da igreja por um amigo, sendo que, esse foi o ponto de viragem que o levou a explorar novos horizontes sonoros, culminando no convite para ser jurado no mesmo programa no ano seguinte.
A sua formação musical foi fundamental para moldar o seu estilo único, que se inspira nas raízes da música folclórica africana e angolana. “Ouço muita música folclórica africana e angolana, sobretudo os clássicos tradicionais. Depois tive a oportunidade de conhecer artistas de vários locais do mundo, que me mostraram a sua singularidade na arte e a sua essência cultural. Sou muito curioso por ouvir música e isso inspira-me muito”, explica.
Influenciado por vários artistas e culturas dos quatro cantos do mundo, o cantor encontrou inspiração na riqueza das identidades musicais. As suas composições, muitas baseadas em experiências pessoais, são um reflexo da vida e das emoções do seu quotidiano.
Quando mergulha no processo criativo, Klaudio revela que aposta num ritual de isolamento, onde procura a paz e a concentração necessárias para criar.

Cada música é uma jornada de entrega e autenticidade, onde o cantor se conecta profundamente com a sua arte. As escolhas musicais, desde a instrumentação até aos arranjos, são selecionadas para transmitir a essência de cada composição.
“O “Emigrou”, meu novo single, saído em Novembro do ano passado, é uma canção onde deixo o meu próprio grito de dor pelo que tenho vivido na minha tentativa de integração na Europa. É uma narrativa na primeira pessoa do que passam todos os que, como eu, escolheram deixar a terra natal à procura de uma vida melhor: por um lado, a dificuldade de me estabelecer num país novo, por outro, a dificuldade para fazer entender aos que ficaram aquilo que passamos por cá”, contou.
Recentemente, um vídeo viral de Klaudio onde interpreta um clássico da música angolana chamou a atenção para a sua versatilidade como artista. “Foi um vídeo simples de um momento pontual. Em nada fazia prever que iria gerar assim tanto burburinho! O facto de eu estar a cantar em kimbundo, e ter uma senhora a chorar foi o que chamou muita atenção, é um vídeo pequeno, mas com muita mensagem”, realça.
Nos seus concertos, Klaudio não encanta apenas com a sua música, mas também com o seu humor e autenticidade, criando uma conexão única com o público. “Eu sou músico e muitas das vezes fico humorista, gosto de preparar os corações das pessoas com uma boa risada antes de começar a cantar. Talvez seja uma forma de quebrar o gelo, até possa ser uma forma de eu ultrapassar a minha timidez”, assumiu.
Ser um músico independente é uma escolha consciente para Klaudio Hoshai, que valoriza o controlo total sobre sua carreira criativa. “Prefiro seguir meu próprio caminho, mesmo que isso signifique enfrentar desafios financeiros”, sublinhando que a sua dedicação à arte transcende preocupações materiais, impulsionando-o a buscar uma conexão genuína com o seu público e a criar música que ressoa com a alma.
Novas músicas, novos Horizontes

Olhando para o futuro, Klaudio Hoshai assume que está cheio de entusiasmo e determinação. “Estou a preparar novas músicas que exploram novos territórios sonoros e colaborações emocionantes”, revela. Além disso, tem em carteira uma série de concertos agendados para os seus fãs, nos quais, promete momentos inesquecíveis de música e celebração. Um dos concertos acontece já no dia 1 de Março no espaço B.Leza, em Lisboa.
Questionado sobre o que o move enquanto cidadão da África Lusófona, Klaudio sublinha que é o desejo ardente de partilhar a riqueza da cultura africana com o mundo, contribuindo para um lugar cada vez mais forte e respeitado no panorama global da arte.