Um iate e duas propriedades de luxo pertencentes ao vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Nguema Obiang Mangue, foram confiscados pela justiça sul-africana e serão leiloadas.
O confisco dos bens do filho do Presidente equato-guineense, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, surge no quadro de um processo judicial relacionado com detenção ilegal e tortura de um empresário sul-africano.
“Foram apreendidas duas casas na Cidade do Cabo e um iate de luxo”, confirmou Errol Eldson, advogado do empresário sul-africano Daniel Janse van Rensburg, em declarações à AFP, retomadas pela Lusa.
O super-iate de Teodoro Mangue, estava listado para venda por um preço indicativo de 127 milhões de dólares, de acordo com a revista da especialidade “Luxury Launches”, num artigo divulgado no início de Janeiro, em que descreve o navio como “perfeito para um bilionário”, com interiores cobertos de mármore e ouro, um heliporto e uma suite de proprietário ultra-luxuosa.
Um tribunal sul-africano condenou, em 2021, “Teodorin”, como é conhecido o filho do chefe de Estado da Guiné Equatorial, a pagar cerca de 2,1 milhões de euros em indemnizações a Daniel Janse van Rensburg, que se havia queixado de ter sido ilegalmente detido e torturado durante 491 dias, numa das prisões com pior reputação em todo o mundo, conhecida como “Black Beach”, em Malabo.
O empresário tinha obtido um contrato na Guiné Equatorial para a criação de uma companhia aérea, segundo o seu advogado. Quando os aviões estavam prontos para voar, conta o advogado, o político equato-guineense que o tinha contratado, Gabriel Mba Bela Angabi, ex-presidente da câmara de Malabo, cancelou o projecto e exigiu um reembolso de Daniel Janse van Rensburg.
“Confrontado com a perspetiva de não obter do empresário sul-africano o dinheiro exigido, Angabi pegou no telefone e ligou ao vice-presidente Obiang. Em dez minutos, as forças de intervenção rápida estavam lá. Levaram Daniel e atiraram-no para a prisão de Black Beach, em Malabo”, disse o advogado Errol Eldson.
“O que era suposto ser uma curta viagem de negócios à Guiné Equatorial transformou-se numa descida ao inferno”, escreveu Daniel Janse van Rensburg, num livro publicado em setembro de 2022 sobre o caso ocorrido em 2013.
Contactado pela agência France-Presse, o advogado do vice-Presidente equato-guineense recusou-se a comentar.
*José Zangui