A justiça angolana identificou, há dois anos, 24 mil milhões de dólares nos processos em investigação sobre recuperação de bens, soma que agora ascende os 70 mil milhões de dólares, informou Sexta-feira, 14 de Julho, a directora do Serviço Nacional de Recuperação de Activos.
“Mais de 64,7 mil milhões de euros já estão a nível de investigação e isso não quer dizer que é a totalidade”, disse Eduarda Rodrigues.
A magistrada, que falava à margem do workshop sobre “Confisco de Ativos para Magistrados de Tribunais Superiores”, sublinhou que a União Africana estima que anualmente são retirados de África para o exterior ilicitamente mais de 50 mil milhões de dólares.
“Há dados que referem estudos estatísticos e mencionam que, entre nós, uns falam em 80 mil milhões de dólares que foram retirados ilicitamente de 2000 a 2017, outros falam em 100- mil milhões. As nossas investigações, sem exagero, vamos mesmo para mais de 100 mil milhões que foram retirados ilicitamente”, referiu Eduarda Rodrigues.
De acordo com a magistrada, há também dados das Nações Unidas que mencionam que dos fluxos que são retirados ilegalmente dos ordenamentos jurídicos só se consegue recuperar menos de 1%, a nível mundial.
A responsável assegurou, no entanto, que “caso a caso a justiça angolana vai verificando, analisando e fazendo estimativas com os dados em sua posse”, reiterando que estes valores foram retirados dos fluxos financeiros de Angola, através de transferências para o exterior.
“Estamos a falar dos crimes de peculato, branqueamento de capital e corrupção. Dinheiros que foram retirados através de contratos milionários, muitos deles extremamente lesivos ao nosso país”, frisou a directora do Serviço Nacional de Recuperação de Activos, citada pela Lusa.