O julgamento do empresário luso-angolano Carlos São Vicente, indiciado pelos crimes de peculato e branqueamento de capitais, arrancou nesta Sexta-feira, 11, à porta fechada, na 3.ª Secção Criminal do Tribunal da Comarca de Luanda, após adiamento no passado dia 26 de Janeiro.
O início do julgamento fica marcado com a permissão de se fazerem presentes na sala de audiência apenas um jornalista que não tem autorização para gravar ou fazer anotações da audiência.
Acusado de branqueamento de capitais, fraude fiscal, envolvendo valores superiores a mil milhões de euros, e peculato, Carlos São Vicente, foi preso preventivamente em Setembro de 2020, e, desde à data, encontra-se na Comarca de Viana.
De acordo com a acusação, o empresário, que durante quase duas décadas teve o monopólio dos seguros e resseguros da petrolífera estatal angolana Sonangol, terá montado um esquema triangular, com empresas em Angola, Londres e Bermudas, que gerou perdas para o tesouro angolano, em termos fiscais, num montante acima dos mil milhões de euros.
O francês François Zimeray, um dos advogados de São Vicente, voltou a criticar, recentemente, a detenção do seu cliente, sobretudo a sua “excessiva prisão preventiva”, augurando, no entanto, que seja feita a justiça.
Recorde-se que as autoridades judiciais angolanas ordenaram a apreensão de bens e contas bancárias pertencentes ao empresário, dono da AAA Seguros, tendo a Procuradoria-Geral da República de Angola pedido também o congelamento de contas bancárias e apreensão de bens de Irene Neto.