O escritor angolano João Melo venceu o Prémio de Literatura dstangola/Camões, no valor equivalente em kwanzas a 15 mil euros, com a obra “Diário do Medo”, que o júri considerou “um processo criativo apurado”, informou hoje a organização.
“A obra mostra profunda experiência de vida, utiliza com rigor e simplicidade a justa palavra/metáfora e o ritmo adequado ao conteúdo de cada poema e tem uma visão abrangente do eu e da sua circunstância, com atenção crítica a fenómenos contemporâneos”, acrescentou a organização, em comunicado.
A obra poética, foi publicada em 2021, e conquistou o júri, que reconheceu “a criatividade, em que se evidencia como a realidade pode funcionar como matéria de criação literária, respeitando valores estéticos, técnicos e éticos”.
O júri estudou, escolheu e justificou a obra premiada, com base em três objectivos: “que toda e qualquer criação artística assenta num tripé fundamental estético, técnico e ético; reconhecer como válida e actual a afirmação do poeta alemão R.M. Rilke de que os versos não são apenas sentimentos e recordações, mas acima de tudo experiências de vida” e, ainda, concordar com o escritor moçambicano Mia Couto de que “o poeta não gosta de palavras, escreve para se ver livre delas. A palavra torna o poeta pequeno e sem invenção”.
O prémio pecuniário será entregue ao vencedor na capital angolana, Luanda, em local e data ainda por se definir.
“O dstgroup é a única empresa privada portuguesa a promover um prémio literário em Angola”, salientou José Teixeira, Presidente do grupo. O prémio foi instituído no âmbito de um protocolo assinado em 2019 com o Instituto Camões.
Esta é a quinta edição do Prémio de Literatura dstangola/Camões, que distingue livros editados em poesia e prosa, de artistas nascidos em Angola. O prémio pretende tornar-se numa referência naquele país a distinguir as obras e os autores angolanos mais prestigiados.
Nas edições anteriores, foram galardoados os escritores Zetho Cunha Gonçalves, em 2019, Pepetela, em 2020, Benjamim M’Bakassy, em 2021, e Boaventura Cardoso, em 2022.
*Napiri Lufánia